UNESP lança Programa de Ensino a Distância no Brasil

Prof. Waldomiro Loyolla e Prof. Benedito Barraviera, na solenidade de lançamento do Ensino a Distância da UNESPEm meados de 1967, o Instituto Agrícola de Stavropol, na Rússia, especializado em ensino por correspondência, diplomou como Economista Agrícola Científico um aluno que iria mudar a geopolítica internacional quase vinte anos depois: Mikhail Gorbatchov. O líder da perestroika soviética (reforma econômica social) nunca escondeu esta curiosa informação. Aqui no Brasil, entretanto, o ensino a distância costumava ser encarado com desconfiança. Virou até motivo de chacota com referência aos maus motoristas. "Tirou carta pela correio", ironiza uma vítima de trânsito.

Agora, esses preconceitos mudaram graças a tecnologia. Com a internet e os modernos recursos de comunicação via satélite, assistir a uma aula on-line virou coisa sofisticada. É a última palavra em educação, tema de diversos congressos acadêmicos e que alimenta o imaginário estudantil com a possibilidade de estudar e de se aperfeiçoar sem freqüentar faculdades e cursos tradicionais.

A UNESP acaba de dar um salto importante no aprimoramento do ensino superior no Brasil, com o lançamento do programa de ensino a distância, em solenidade realizada no dia 9 de agosto. O evento aconteceu na própria reitoria e contou com a presença de mais de 120 pessoas, incluindo diretores de unidades, coordenadores de cursos, professores e funcionários unespianos.

O programa, entretanto, será implantado em três etapas. Primeiro, inicia-se o treinamento de 60 tutores, que serão responsáveis pela propagação do conhecimento, funcionando como multiplicadores. Em seguida, será elaborado todo o conteúdo do programa, incluindo o material didático (kit multimídia: papel, CD- Room, vídeo e internet), uma atividade que ficará a cargo dos próprios professores. Por fim, os coordenadores do programa irão apresentá-lo aos diretores de unidades, para que eles mesmos montem e gerenciem seus próprios cursos a distância. A proposta é, num primeiro momento, oferecer cursos de Extensão e, posteriormente, incluir a Graduação.

"O primeiro passo já foi dado. A comissão que está desenvolvendo o programa de ensino a distância há cerca de seis meses já estruturou alguns cursos nas áreas de Medicina e Veterinária, inclusive com o material didático e a metodologia disponíveis. Agora, vamos percorrer as unidades da UNESP e incentivar o surgimento de mais cursos", afirma o pró-reitor de Extensão Universitária, professor Benedito Barraviera, responsável pelo programa de ensino a distância. "Sou cônscio de que é uma quebra de paradigmas, já que estaremos criando uma nova universidade dentro da UNESP, com o objetivo de atender parte da demanda nacional de educação", completa.

Barraviera conta que houve um teste bem sucedido com os quartanistas da Faculdade de Medicina, Câmpus Botucatu (FMB), com a utilização de um material didático de ensino não presencial. "Promovemos uma prova antes e outra uma semana depois do uso do kit multimídia (texto, video e CD-Room). Os temas eram "Tétano" e "Ofidismo" e o resultado foi surpreendente, já que o desempenho dos alunos melhorou significativamente. Antes, a média dos alunos foi 4.5 e, depois, atingiu a marca de 9.0", revela. "Há estudos em institutos norte-americanos que apontam neste sentido. É comprovado que se o aluno ler, ouvir e interagir, como é o caso do ensino a distância, que traz recursos multimídas, terá um aproveitamento de cerca de 75% da matéria estudada", conclui.

Para o vice-reitor da UNESP, Paulo Cezar Razuk, o projeto de ensino a distância é algo que se superpõe ao necessário. "Entretanto, é preciso ter ousadia para implementar um programa deste porte. Perder o medo faz com que a ciência e a educação avancem", finaliza Razuk.


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