Todos perdem com a guerra

Custo da hegemonia norte-americana pode ser tão alto que,
com o tempo, acabe por inviabilizá-la, alerta especialista da UNESP

IlustraçãoNo curto prazo, absolutamente ninguém vai lucrar com a guerra desencadeada pelo governo norte-americano contra o Iraque na última semana. Os custos políticos, financeiros, culturais e de imagem serão altos para os Estados Unidos, que passaram a ser malvistos por amplos setores da população mundial - empenhados em favor da paz - e também por diversos países aliados, como, por exemplo, a Alemanha.

A opinião é do professor Tullo Vigevani, vice-diretor da Faculdade de Filosofia e Ciências da UNESP, campus de Marília. Segundo ele, a reconstrução de Bagdá e de outras áreas do Iraque será custeada pelos próprios EUA e por países ricos que apóiam o ataque contra o regime de Saddam Hussein. A longo prazo, diz o analista, se conseguirem impor sua hegemonia, os EUA poderão obter vantagens. "Muito embora", alerta, "o custo desse predomínio possa vir a ser tão alto que acabe por inviabilizá-lo."

Vigevani acredita que a invasão norte-americana no Iraque, sem o aval do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) possa recrudescer o sentimento antiamericano e desencadear uma série de atos terroristas no mundo, contra os EUA e seus principais aliados. Segundo ele, a ONU fracassou na sua tentativa de encontrar uma solução pacífica para o conflito e sai enfraquecida desse processo. "É muito cedo para afirmar se ela terá ou não capacidade de recuperar sua influência e prestígio. O multilateralismo e as negociações internacionais também ficaram enfraquecidos", constata.

O professor da UNESP entende que a posição assumida pelo governo presidido por Luiz Inácio Lula da Silva - em defesa do multilateralismo e da intermediação da ONU e contra ataques unilaterais a outros países - está de acordo com a tradição brasileira. "Não acredito que, no curto prazo, o País possa vir a sofrer retaliações dos EUA. Chile e México têm muito mais a perder do que o Brasil", conclui.

Mais informações

Tullo Vigevani - tel. (14) 3402-1310


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