Tumor de mama em cadelas
requer atenção de proprietários

Por Aline Grego e Sérgio Santa Rosa

Cão labradorAs campanhas nacionais de prevenção do câncer de mama veiculadas em jornais, rádio e televisão, com participação freqüente de celebridades, desmistificaram o assunto e aumentaram a conscientização entre a população. Mas a doença não é exclusividade dos humanos. Os animais também sofrem com o câncer.

O tumor de mama em cadelas é, em diversos aspectos, muito semelhante ao da mulher. "Eles têm os mesmos agentes etiológicos, ou seja, as mesmas causas de desenvolvimento como, por exemplo, a dieta rica em gordura ou fatores genéticos", explica a professora Noeme Souza Rocha, da área de Patologia Veterinária do Departamento de Clínica Médica da FMVZ. A bibliografia internacional a respeito mostra que, devido a essas semelhanças, o tumor de mama em cadelas é um ótimo modelo experimental de estudo, que pode beneficiar também a espécie humana.

No Hospital Veterinário da FMVZ, todos os animais que chegam com aumento do volume e do tamanho da glândula mamária são submetidos a um exame chamado função aspirativa por agulha fina. O material colhido no exame é analisado e, posteriormente, emite-se um diagnóstico. Também são feitos exames bioquímicos através de amostras de sangue. Esse trabalho é realizado com o apoio do Laboratório de Bioquímica da Faculdade de Medicina de Botucatu.

Assim como ocorre com os humanos, para que haja a transformação da célula sadia em cancerígena é preciso que algo induza um erro no material genético da célula, o DNA. Alguns animais, no entanto, já podem nascer com problemas no material genético que os tornem propensos ao câncer. Depois disso, essa célula doente precisa de um outro impulso que é chamado de fator de promoção. As condições ambientais, como dietas impróprias, obesidade e uso intenso de anticoncepcionais são os principais agentes promotores. A idade também tem sua influência. A maior incidência de câncer está nos animais com mais de sete anos de idade.

Segundo a professora Noeme, o problema maior é a negligência dos proprietários, que só trazem os animais quando o tumor já está muito grande. "Da mesma forma que a mulher faz o exame da mama para tentar descobrir o tumor precocemente, o proprietário, ao detectar pequenos nódulos, deveria trazer o animal para ser examinado", alerta a professora. Os exames permitem fazer uma prevenção, através de uma dieta apropriada e do uso de anticoncepcional controlado pelo médico veterinário, e permitem a detecção precoce de lesões pequenas. "Quando o animal chega até nós, na grande maioria dos casos, não há muito que fazer. Às vezes, o tumor já tem metástase, ou seja, já ganhou a corrente sangüínea ou linfática e já foi para o pulmão", lamenta a professora.

Ao contrário do que muitos imaginam, a neoplasia, (nome correto do tumor maligno) não causa dor, não há febre e o animal não reclama. Segundo a professora, quanto mais maligno, menos dor. "O paciente começa a sentir dor quando o tumor cresce tanto que passa a comprimir terminações nervosas. Nesse caso a dor é secundária, por isso chamamos de tumores silenciosos". Como a detecção se faz pelo aumento do volume, a observação do proprietário é fundamental.

O atendimento do Hospital Veterinário da FMVZ é muito procurado pelos moradores de Botucatu, da região e até de fora do estado. A faculdade é pioneira na área de citologia. O setor de citopatologia existe desde 94, e a tecnologia à disposição permite que sejam feitos diagnósticos precisos e conclusivos. Em razão disso, a FMVZ dá suporte a diversas instituições nessa área, que enviam material para consulta.


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