Silagem de grãos úmidos traz vantagens econômicas e nutricionais

Por Aline Grego e Sérgio Santa Rosa

SilagemA técnica de silagem de grãos úmidos foi desenvolvida nos Estados Unidos no final da década de 50 e introduzida no Brasil nos anos 80. Inicialmente ficou restrita à comunidade de produtores rurais da região de Castro, no Paraná.

A Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Unesp (FMVZ, campus de Botucatu, foi pioneira na implantação da tecnologia no Estado de São Paulo. Hoje, a faculdade é um centro de referência nas pesquisas com grão úmido de milho no país. Essa técnica, além de permitir inegáveis vantagens agronômicas e nutricionais para a produção, chega a ser 10% mais barata do que a silagem de grão seco.

A cultura do milho é marcada por quatro fases distintas. Assim que a semente absorve água do solo tem início a germinação e se dá a primeira fase, conhecida como emergência, caracterizada pela saída da planta do solo. Em seguida ocorre o pendoamento, com o surgimento da inflorescência masculina no ápice da planta. Nessa fase é produzido o pólen que fertilizará a espiga, a inflorescência feminina. Quando a espiga aparece há a terceira fase, denominada espigamento. Por fim, a maturação fisiológica, última etapa do processo caracteriza-se pelo surgimento da camada preta na base do grão. Nesse momento o grão de milho está maduro e não recebe mais nutrientes.

É a partir desse momento que a técnica será aplicada. Para fazer o armazenamento tradicional, na forma seca, colhe-se com 18% de umidade. Até atingir esse nível, os grãos ficam no campo, apenas esperando perder água. Depois de colhidos, são levados até o secador para que cheguem 13% de umidade. Para a silagem de grãos úmidos, a colheita será feita quando for constatada a maturação fisiológica, ou seja quando os grãos apresentarem entre 25 a 30% de umidade.

Prof. Dr. Ciniro CostaSegundo o professor Ciniro Costa, do Departamento de Melhoramento e Nutrição Animal da FMVZ as vantagens já começam na colheita: "Além de antecipar a colheita em 3 a 4 semanas, o que já é uma vantagem agronômica, perde-se menos porque se evita o tombamento de plantas. O produto tem melhor qualidade porque fica menos exposto a ataques de fungos, pássaros, insetos ou roedores".

Mas as vantagens não param por aí. A técnica economiza também ao dispensar a limpeza e a secagem dos grãos, que depois de colhidos são triturados, compactados e ensilados em bags ou trincheiras. "Devido à elevação de temperatura no interior do silo, o amido dos grãos úmidos armazenado sofre um processo chamado de gelatinização ou tratamento calor/umidade. Isso faz com que se rompam as ligações existentes entre a amilose e a amilopectina, dois carboidratos que compõem o amido. Tudo isso possibilita uma melhor absorção das enzimas, facilitando a digestão, ou seja, o valor nutritivo do alimento é maior", elucida o professor Ciniro.

Experimentos realizados pela FMVZ mostram que o alimento chega a ser até 20% mais eficiente, nutricionalmente falando, para os bovinos e 10% para suínos. "Hoje os suinocultores deixaram de trabalhar com grãos secos. A silagem de grão úmido se difundiu e foi aceita mais rapidamente do que imaginávamos", afirma o professor Ciniro citando o caso de um produtor de suínos do sul de Minas Gerais que conservou todo o grão destinado a alimentação dos animais utilizando a tecnologia.

O professor Ciniro Costa tem feito palestras sobre o tema por todo o Brasil, principalmente Paraná, Santa Catarina, Rio grande do Sul, Minas Gerais e Goiás, tanto para empresas particulares quanto para universidades. O primeiro trabalho mostrando as vantagens do grão úmido de milho na dieta de suínos foi feito na FMVZ, sob a coordenação de Professor Dirlei Antonio Berto. Atualmente, a faculdade repete o pioneirismo fazendo os primeiros trabalhos com aves, acompanhados pelo professor José Roberto Sartori, além de testar a técnica com outros grãos como sorgo e triticale.

Mais informações - Prof. Dr. Ciniro Costa - Depto. de Melhoramento e Nutrição Animal - tel. (14) 6802-7187.


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