Novilho superprecoce é carne tipo exportação

Por Aline Grego e Sérgio Santa Rosa

BoiAssim como já acontece com a carne suína e de aves, o Brasil vem batalhando por uma posição de destaque no cenário mundial de produção de carne bovina.

De olho nos exigentes mercados internacionais, o projeto temático "Estudo do Crescimento de Bovinos de Corte no Modelo Biológico Superprecoce" pesquisa e fornece ao produtor uma tecnologia inovadora, que envolve alimentação e aprimoramento de raças, com resultados diretos na qualidade da carne produzida.

Esse sistema pode tornar o produtor mais eficiente e competitivo diante desses mercados.

Iniciado em 1992, o projeto testou diversas raças, vários cruzamentos sob as mais diferentes dietas, buscando diminuir a idade de abate dos machos e de reprodução das fêmeas. Os dados coletados nos experimentos permitem o abate de animais com um ano de idade, peso comercial de 16 arrobas e com a quantidade de gordura na carcaça determinada pelos frigoríficos.

Eles exigem uma cobertura uniforme de gordura de aproximadamente 4 milímetros, para evitar que a carne "queime" e endureça ao ser refrigerada. Além disso, as novilhas superprecoces já podem parir aos dois anos de idade, enquanto na criação tradicional, o primeiro parto só acontece por volta dos três anos.

O projeto, coordenado pelo professor Antonio Carlos Silveira, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP - câmpus de Botucatu, reúne pesquisadores de várias instituições e foi contemplado com cerca de setecentos mil reais vinculando bolsas de iniciação científica, mestrado e doutorado. Com esses recursos foram construídas as instalações próprias para o confinamento dos animais, que hoje recebem de duas a três visitas diárias de produtores.

E são os produtores os maiores parceiros do projeto. O trabalho começa ainda na fazenda do interessado, desde o momento da concepção do bezerro. Os cruzamentos são orientados e os bezerros recebem suplementação alimentar especial. No momento do desmame, devem pesar em torno de 240 quilos. A partir de então, há a fase do crescimento, em que ocorre uma maior produção de proteína. A alimentação dada ao animal nessa etapa é convertida em ganho muscular ou ganho de peso.

O projeto procura explorar muito essa fase do crescimento fornecendo aos animais uma alimentação rica em energia. É nesse momento que o animal vai para a Fazenda Lageado, onde é confinado por 120 a 150 dias, no máximo, até o abate. Nos confinamentos tradicionais, animais com 2 anos de idade ou mais, fazem o acabamento nos últimos 90 dias de vida confinados. Para cada quilo engordado precisam consumir de 8 a 9 quilos de matéria seca. A ração de alta energia, embora mais cara, propicia que o animal engorde 1 quilo para cada 5 quilos consumidos.

A comparação entre os custos de criação de um bezerro no sistema tradicional e de outro criado no modelo superprecoce mostra que o segundo custará cerca de trinta a quarenta reais mais caro que o primeiro. Porém, no sistema tradicional o animal é abatido em três anos, enquanto que o superjovem é abatido em pouco mais de um ano.

"É um período muito longo para o investidor, por isso trabalhamos com o desenvolvimento de animais de ciclo curto, que serão abatidos com, no máximo, 14 meses de idade, ou seja, durante sua puberdade" explica Mario Arrigoni, professor da FMVZ.

Para se chegar a esses resultados, novas tecnologias e ferramentas foram introduzidas nas avaliações, além da velha balança. O Departamento de Melhoramento e Nutrição Animal da FMVZ possui um aparelho de ultra-sonografia que monitora que tecido do animal está crescendo e se no momento do abate ele atende as exigências do frigorífico.

Além do lucro propiciado pela rotatividade da produção, o pecuarista produz uma carne de qualidade superior, mais macia, pela qual pode obter um melhor preço e usa menos espaço de sua propriedade. "O ideal da produção nesse sistema é a adoção por fazendas que integram agricultura e pecuária, pois o custo baixaria ainda mais com o fornecimento da matéria para as rações e o aproveitamento da propriedade para outras culturas", considera o professor Arrigoni.

Porém, mesmo o pequeno produtor que ache difícil adotar o sistema em sua propriedade, pode participar do processo, por exemplo, trazendo seus bezerros para serem desenvolvidos em parceria, dentro do experimento de bovinos superprecoces.

O produtor interessado nesse sistema inovador de criação pode visitar o Departamento de Melhoramento e Nutrição Animal da FMVZ, na Fazenda Lageado e saber como fazer para acessar essa tecnologia que pode valorizar sua produção e torna-lá mais eficiente.


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