O site "Páginas de Química Geral", ligado ao Instituto de Química da Unesp (IQ), campus de Araraquara, surgiu com a idéia de fornecer textos e apostilas que complementassem as aulas de Química Geral dos alunos do primeiro ano do curso de Química. Ele atualmente disponibiliza mais de 50 textos com conteúdo diferenciado que servem para alunos de várias universidades, alunos do Ensino Médio e até profissionais das indústrias. Esse público contabiliza cerca de 18 mil visitantes por mês (600/dia), e uma média de 3 e-mails diários solicitando mais informações sobre temas relacionados à Química.

O Prof. Dr. Stanlei Ivair Klein, docente do IQ, criou e mantém as "Páginas de Química Geral". Ele conta com o apoio do Departamento de Química Geral e Inorgânica e dos bolsistas da Pró-Reitoria de Extensão Universitária. Este ano, a bolsista participante do grupo é Zailene Mendes da Rocha, aluna do segundo ano do curso de Licenciatura em Química. Mateus de Oliveira Fernandes é outro aluno (4°ano/licenciatura) que dá apoio ao projeto.

O professor produz os textos e os bolsistas ficam encarregados de disponibiliza-lo na página do grupo. Às vezes, os bolsistas também são co-autores de textos e respostas aos internautas. Nestes casos, o professor procura orientar como escrever textos didáticos, sempre respeitando o estilo dos alunos. Além dos bolsistas, outros colaboradores voluntários também participam da elaboração dos textos.

O professor Klein explica que o tempo gasto na manutenção do site é variável. "Alguns textos são mais trabalhosos e demorados (4 a 5 dias), enquanto outros materiais de apoio às aulas são mais rápidos (uma manhã)", afirma. Ele faz questão de deixar bem claro que "a idéia do site não é apostilar um curso de Química".

O site tem três propósitos básicos: oferecer material didático mais diferenciado; dar oportunidade para o aluno de licenciatura desenvolver textos utilizando uma linguagem clara e objetiva; e também promover o departamento de Química Geral e Inorgânica, além do próprio IQ.

Os bolsistas envolvidos são sempre alunos de licenciatura, porque, segundo Klein, desenvolver um texto para Internet envolve basicamente o mesmo princípio de lecionar, no sentido de o instrutor ter de estar preparado para adivinhar a dificuldade do aluno sobre o tema para poder se expressar com clareza.

A apresentação visual das páginas tem como objetivo tornar o acesso o mais rápido possível, por isso o nível das figuras é sempre o mínimo, embora todos os textos sejam bem recheados de ilustrações que facilitam o entendimento do assunto tratado.

A criação do site

A idéia de criar o site surgiu com a proposta de organizar uma página institucional do Departamento de Química Geral e Inorgânica, disponibilizando informações sobre o corpo técnico, docentes, linhas de pesquisa e disciplinas oferecidas. Além de dar destaque ao departamento, o site hospedava apostilas das aulas práticas e material de apoio - esse na forma de textos tentativamente divididos como de interesse aos alunos do 1o e do 2o semestres de um curso anula de Química Geral.

Os textos eram elaborados no sentido de apresentar algo que não fosse facilmente encontrado em um livro tradicional. "No estudo da atomística os alunos não terão dificuldades em estudar as propriedades dos átomos. No site ele vai encontrar informações sobre os novos núcleos superpesados, de modo a formar uma idéia do que existe além do urânio", exemplifica o docente.

Os textos seriam, portanto, complementares. "O aluno pode não precisar daquela informação particular para uma prova, mas ela está disponibilizada", comenta. Conforme o site começou a ser visitado por outras pessoas (tanto por alunos do segundo grau como de outras universidades), o grupo passou a receber e-mails pedindo informações mais precisas sobre assuntos que não encontravam em livros ou na Internet, ou sob a alegação que o professor não tinha explicado direito.

"Algumas respostas necessitavam ser mais elaboradas, e algumas acabaram se transformando em artigos que foram incorporados ao site, sempre no sentido de complementar para um aluno de química geral o cabedal de material disponível para estudos. Percebemos também que ao utilizarmos uma linguagem menos formal, nós conseguíamos atingir bem alunos do ensino fundamental e médio", diz Klein.

"Assim, resolvemos seguir esta fórmula, e hoje recebemos muitas mensagens parabenizando a iniciativa do site. Este tipo de linguagem é também um treinamento para os bolsistas, pois essa abordagem aumenta a facilidade que os alunos de licenciatura terão na sala de aula. Por outro lado, já existem mantenedores de sites sobre química em outros Estados que estão utilizando o material das Páginas", explica o docente.

Desde o começo, o site mantinha a mesma aparência, mas como o Instituto de Química começou a produzir suas próprias páginas departamentais, o professor retirou esta parte há cerca de 2 anos atrás. Entretanto, a partir do site, as pessoas ainda podem conhecer mais sobre o departamento e o Instituto de Química. "Muitos estudantes nos procuram querendo saber como é o curso de química em Araraquara", aponta Klein.

O professor acredita que os objetivos do site estão sendo atingidos. Ele avalia isso a partir do número de acessos e das distâncias que ele atinge. "Os números são satisfatórios, recebemos e-mails de pessoas de Portugal, Argentina, Norte-Nordeste, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro e muitas cidades de São Paulo", informa.

Tirando dúvidas

Os e-mail trazem dúvidas sobre assuntos específicos, pedem idéias para novos experimentos ou sugestões para palestras. O site serve até mesmo para serviços de utilidade pública. Recentemente ao abordarem Topologia em Química, acabaram citando a fita de Moebius; (uma estrutura bidimensional que tem um lado só). Foram logo procurados por pessoas cujos filhos tinham a doença chamada de Síndrome de Moebius, em que os músculos, principalmente os da face do paciente, não tem contração. As crianças não podem por exemplo abrir os olhos e tomar mamadeira é dificílimo. A partir daí o Grupo conseguiu colocar no site o endereço de um médico e uma fonoaudióloga que estão à disposição para ajudar aquelas pessoas.

"Esse é um serviço de utilidade pública que ultrapassa todos os parâmetros esperados de uma página eletrônica de Química, é um bônus extra que nós ficamos muito felizes em oferecer", ressalta o professor.

Para os alunos do curso de Química, o docente destaca os tutoriais, sendo um deles uma apostila do curso de Química Inorgânica Básica, e os mais recentes textos sobre espectroscopia de RMN - um assunto que vem sendo cobrado no Provão e que nos livros é tratado de uma forma incompleta ou muito especializada.

Para os alunos do ensino médio, o professor destaca os textos sobre colóides - um tema que os internautas tem dificuldade de entender e de encontrar material a respeito; ligações químicas, oxidação e redução e ácidos e bases também são alguns temas abordados. "Procuramos explicar sempre dando uma visão geral do assunto. No texto sobre pilhas e baterias por exemplo, primeiro damos uma mini-aula sobre oxidação e redução para depois inserir as informações específicas. Inicialmente os universitários eram os que mais procuravam o site. Hoje os visitantes se dividem entre os universitários e alunos do ensino médio, mas alunos do ensino fundamental também visitam as Páginas de Química Geral", diz.

Quem é Stanlei Ivair Klein?

O Professor Stanlei fez mestrado e doutorado na School Of Molecular Sciences, MOLS, na Universide de Sussex, Inglaterra. Atualmente participa ainda do projeto de extensão "Palestra na Escola". Ele leciona as disciplinas de Química Geral Experimental para os alunos dos cursos de Fármácia e Bioquímica, Química Inorgânica Básica para Licenciatura em Química, e Química Fundamental Experimental para o Bacharelado em Química. Sua linha de pesquisa é a Química de Organometálicos dos Metais de Transição do bloco "d".