O que fazer com o excesso de lixo produzido pela sociedade contemporânea? Esta indagação é possivelmente um dos maiores desafios sócio-ambientais da atualidade. Desta forma, merecem atenção todos os indicativos alarmistas quanto ao volume de lixo produzido em tempo real e sob as estimativas futuras, e com a mesma intensidade, quanto aos melhores procedimentos para transformar, redimir e eliminar o lixo, seja ele industrial, químico, aéreo, doméstico, comercial, hospitalar, nuclear ou outro. Há uma unanimidade, que aponta para a necessidade de mudanças no comportamento social, que envolve reduzir o consumo, reutilizar o resíduo consumido e agir conforme indica os programas de coleta seletiva de lixo.

Um estudo conveniado da Organização Pan-Americana de Saúde, de 1990, estimou em mais de 80 mil toneladas a quantidade de resíduos sólidos gerados diariamente nas cidades brasileiras e que, deste volume, apenas a metade era coletada. A outra metade acabava nas ruas, terrenos baldios, encostas de morros e cursos d'água. Da parte coletada, 34% iam para os lixões (depósitos a céu aberto) e 63% eram despejados pelos próprios serviços de coleta em beiras de rios, áreas alagadas ou manguezais, prática cada vez mais questionada por suas implicações ecológicas. Somente 3% da parte coletada recebiam destinação adequada ou pelo menos controlada.

Efetivando um compromisso sócio-ambiental, o campus da Unesp de Rio Claro (IGCE) iniciou o ano de 2003 com a instalação do projeto de Coleta Seletiva de Lixo da Unesp. Ao longo do ano passado, os coordenadores deste projeto realizaram uma série de atividades educativas, no campus da Bela Vista, visando o andamento gradativo de um programa preparatório. Desta forma foram ministrados cursos de treinamentos para formação de agentes multiplicadores, voltados para alunos e funcionários desta universidade.

Os Treinamentos de Capacitação para Gerenciamento e Gestão de Resíduos Sólidos I e II buscaram apresentar noções básicas que tangenciam o tema como a distinção entre resíduo sólido e lixo, noções de higiene, apresentação dos conceitos dos 3R's (reduzir, reaproveitar e reciclar), a importância da reciclagem e da prática cidadã, os mecanismos para seleção doméstica dos resíduos. Simultaneamente, os coordenadores efetivaram visitas monitoradas ao aterro sanitário e à empresa Papéis Primos, ambos da cidade de Rio Claro.

Uma atividade posterior foi à realização da 1ª Oficina de Artesanato Reciclado, ministrado pela aluna participante do projeto Débora de Azevedo, que apresentou modelos de reaproveitamento da caixa Tetra Pak (tipo leite Longa Vida). A oficina visou estimular o reaproveitamento dos materiais já utilizados, indica Débora".

Segundo os coordenadores, este projeto busca a conscientização dos funcionários e alunos da Unesp em relação à necessidade de gestão e gerenciamento dos resíduos produzidos dentro e fora do campus.

A instalação dos latões para a coleta seletiva foi realizada no final do ano passado e a distribuição foi orientada para pontos estratégicos desse campus. O dia da instalação consolidou a inauguração do processo prático deste projeto, o que despertou interesse e aprovação dos alunos unespianos.

Pelo campus, estavam distribuídas faixas com a seguinte frase slogan:"Misturado é Lixo, Separado e Limpo é Produto". Os containers foram doados pela empresa Primos (Comércio de Papéis Primos de Rio Claro Ltda), que, assim como a APAE, é também uma parceira deste projeto.

No dia da instalação, estavam presentes a Diretora do IGCE, Profa. Dra. Maria Rita Chang, e o respectivo Vice-Diretor, Prof. Dr.Antonio Carlos Pião, o Diretor do IB-Rio Claro, Dr. Massanori Takari, e a respctiva Vice-Diretora, Profa. Dra. Joyce Mary Adam de Paula e Silva, as coordenadoras Profa. Dra. Maria Isabel de Freitas, Profa. Dra. Silvia Guarniéri Ortigoza, Profa. Dra. Ana Tereza Cácers Cortez e os responsáveis pela doação dos latões André Duckur Cristofoleti e Antonio Carlos Duckur Cristofoleti.

"Parabenizo os coordenadores, pois este é um projeto de grande valia para a comunidade unespiana, uma vez que ele consolida uma prática de cidadania culminada com princípios sócio-ambientais, e o mais importante, ele é educativo e assegura um destino para os resíduos desta Universidade", afirmou a diretora do IGCE.

A destinação do lixo urbano é importante não só do ponto de vista sanitário, o que envolve saúde pública, aspectos econômico-financeiro, social, estético e de bem-estar.