Professores Sociais: Clodoaldo Meneguello Cardoso

Seguindo a série de reportagens que discutem o verdadeiro papel dos profissionais que
atuam no meio acadêmico, o entrevistado dessa edição é o Prof. Dr. Clodoaldo Meneguello Cardoso
Por Rodrigo Bruschi Scanavachi

Prof. Dr. Clodoaldo Meneguello CardosoNo tripé graduação, pesquisa e extensão, no qual a Unesp está calcada, há sempre um ponto em comum: as pessoas. O capital humano é, sem dúvida, a maior riqueza da universidade, e é por ele que o sucesso é obtido.

É pelas pessoas que a Unesp garante qualidade em suas atividades-fim. E é com elas que continua crescendo e superando desafios. Tecnologia humana. É isso que faz da Unesp a segunda maior universidade do País.

Entretanto, qual é o verdadeiro papel que cada um dos profissionais unespianos exerce dentro da universidade? De que forma pode contribuir para o aprimoramento do ensino, da pesquisa e da extensão? E qual é o papel que a Unesp exerce na sociedade?

São estas as questões que permeiam exatamente todas as atividades desenvolvidas na Unesp, seja numa mera palavra escrita na lousa por um docente, seja na limpeza de uma sala por uma faxineira, seja nos mais complexos estudos científicos desenvolvidos por pesquisadores.

O convidado desta edição é o Professor Doutor Clodoaldo Meneguello Cardoso, da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Unesp (Faac), campus de Bauru. Cardoso ministra as disciplinas Ética e Filosofia, no curso de Comunicação e vem se destacando no meio acadêmico como atuante em vários projetos de extensão.

Iniciou sua vida acadêmica em 1973, como professor universitário na USC-Bauru. Ingressou em 1985 na então Universidade de Bauru (UB) e, mais adiante, já como professor da Unesp, foi Presidente da Comissão de Atividades Culturais, e ocupou diversos outros cargos em órgãos colegiados.

Atualmente, Cardoso é responsável pela coordenação de dois importantes projetos: O Núcleo Pela Tolerância e o Cursinho Comunitário Lions & Unesp. "Estou procurando desenvolver e articular ensino, pesquisa e extensão, o tripé da universidade pública. Quando se fala em universidade pública para todos, devemos entender que esse 'todos' não se refere apenas ao ensino, e sim que toda a população, em especial, os mais excluídos, tem o direito de acesso aos bens científicos e culturais produzidos na universidade. Esse talvez seja o sentido mais profundo da atividade extensão", defende o professor.

O Núcleo pela Tolerância é responsável pelo Grupo de Estudos sobre Direitos Humanos, que mantém um arquivo de cerca de 100 textos para pesquisas e orienta pesquisas de iniciação científica e trabalhos de conclusão de curso sobre temas ligados aos direitos humanos, ética, formas de intolerância e exclusão.

O Núcleo promove também eventos acadêmicos e atividades junto à comunidade, procurando sempre articular a convivência com a diversidade com a postura de rejeição a todas as formas de desigualdades. O professor Cardoso iniciou estudos nesta linha com a pesquisa de doutorado "Tolerância e seus limites: um olhar latino-americano sobre identidade e diversidade cultural."

O Núcleo está ligado ao Departamento de Ciências Humanas da Faac e conta com a participação de bolsistas, que semanalmente estudam o tema e se dedicam as diversas atividades do Núcleo.

"Estou tentando valorizar, nesses primeiros anos, a busca de uma estrutura mínima para a viabilização e continuidade do projeto. Eu me preocupei em ter uma estrutura para auxiliar trabalhos e pesquisas em Direitos Humanos em todo o País. Atualmente, contamos com um significativo acervo de textos especializados e um site na Internet de pesquisa e serviços: (www.faac.unesp.br/pesquisa/tolerancia)", afirma Cardoso.

Por outro lado, o cursinho comunitário surgiu de uma parceria entre um clube de serviços de Bauru, o Lions Clube Bauru Estoril e a Unesp. A idéia se concretizou, cresceu e foi tomando uma forma específica. Hoje, o Lions é responsável pela parte administrativa, enquanto a Unesp fica com a parte da organização pedagógica. O professor Clardoso é o coordenador desse cursinho pela Unesp de Bauru.

O cursinho já tem três anos e, a partir de 2003, contará com a participação de mais três professores do Depto. de Ciências Humanas envolvidos na coordenação que cabe à Unesp. "Isso mostra o quanto o projeto está evoluindo. Esse cursinho tem um caráter bastante peculiar, pois atende a uma camada de alunos que só pode assistir às aulas aos sábados (estudantes-trabalhadores). O cursinho conta hoje com uma mini-biblioteca, com livros, artigos, revistas", aponta o docente.

O projeto tem a seguinte estrutura: todos os sábados, durante à tarde, acontecem as chamadas aulas-palestras, somente com professores voluntários de cursinhos e da universidade. O cursinho conta com uma equipe mais de 70 professores, uma vez que cada professor ministra uma aula-palestra sobre determinado assunto dentro da programação.

Durante a semana, todos os dias à noite, é oferecida uma Sala de Estudos, onde os alunos têm aulas complementares, fazem exercícios, realizam debates sobre a atualidade etc. Essas aulas de monitoria são dadas por alunos voluntários e bolsistas da própria Unesp de Bauru. É gratuito e destinado a alunos e ex-alunos (formados) da rede pública de ensino. Os alunos do cursinho são selecionados a partir do histórico escolar.

O Cursinho Lions & Unesp é um projeto que não tem o objetivo único do vestibular. Os organizadores não acreditam que a universidade pública deva oferecer mais um cursinho igual aos vários particulares. "Nós acreditamos que a universidade pública deve, através do cursinho, que em si é um paliativo, criar um mínimo de estrutura para contribuir para reverter as causas da exclusão da sociedade. Mas, mesmo assim, nossa aprovação nos vestibulares é significativa: cerca de 25%. Procuramos valorizar os outros 75% como cidadãos ativos com reflexão crítica", garante o professor.

Cardoso acredita que, embora haja vários projetos de integração entre sociedade-universidade, ainda falta uma discussão mais ampla e aprofundada sobre o papel da universidade pública na realidade brasileira e latino-americana e seus projetos de extensão, articulados com o ensino e a pesquisa.

"O objetivo desse projeto de extensão é formar alunos que serão cidadãos críticos, participantes politicamente para que futuramente possamos ter uma sociedade sem exclusão e, por conseguinte, sem cursinho comunitário", encerra Cardoso.


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