Desenvolvimento de imunossensor para mal de Chagas
é premiado na Mostra de Tecnologia da UNESP

Por Luciana Massi

Antonio Aparecido Pupim Ferreira e Profa. Dra. Hideko YamanakaO trabalho do doutorando em Biotecnologia Antonio Aparecido Pupim Ferreira, intitulado "Imunossensor Amperométrico para doença de Chagas", sob orientação da Profa. Dra. Hideko Yamanaka, foi escolhido como o segundo trabalho relevante da Mostra de Tecnologia da Unesp, realizada de 28 a 30 de outubro, no Centro de Convenções Rebouças, sendo o autor contemplado com R$ 6 mil.

Na Mostra, estavam reunidos os trabalhos com avanços tecnológicos relevantes de mais de uma centena de pesquisadores. O evento foi organizado por áreas. No último dia da Mostra de Tecnologia, o presidente da comissão julgadora dos trabalhos, Osvaldo Augusto Sant'Anna (Instituto Butantã), anunciou os três trabalhos que mais se destacaram, tendo em vista os critérios de relevância, alcance, criatividade e exeqüibilidade, além de outros seis, merecedores de menções honrosas.

A metodologia proposta por Pupim Ferreira é inovadora para o diagnóstico sorológico da doença de Chagas. A doença de Chagas é uma tripanossomíase americana, tendo como agente causal o hemoflagelado Trypanosoma cruzi (T. cruzi). Após 90 anos da descoberta da doença de Chagas, até hoje não há uma cura cientificamente comprovada, fazendo grande número de vítimas. O combate à doença tem que se limitar à sua prevenção, principalmente transmissão pelo vetor e transmissão transfusional. Atualmente o maior número de casos da doença se deve à transmissão tranfusional.

"Considerando a importância na triagem dos doadores de sangue, o projeto de pesquisa apresentado no evento objetiva aplicar o processo de imobilização de antígenos em superfície de eletrodo a fim de desenvolver dispositivo para detecção da doença de Chagas denominado imunossensor", afirma o pesquisador.

"As proteínas de diferentes pesos moleculares foram separadas por eletroforese (gel de poliacrilamida) e identificadas em membrana de nitrocelulose. Os antígenos de T. cruzi foram imobilizados (via cistamina e glutaraldeído) na superfície do eletrodo de ouro impresso (figura abaixo) e reagem com os anticorpos anti-T. cruzi presentes no sangue de portadores da doença de Chagas", comenta Pupim Ferreira.

A tecnologia desenvolvida apresenta alguns aspectos relevantes, como o imunoensaio na superfície de ouro que ocorre à temperatura ambiente; aplicação em amostras de soro confirmou positividade para doença de Chagas; utilização de pequena quantidade de antígenos de T. cruzi (0,35 µg/eletrodo); detecção de baixa quantidade de anticorpos no soro (1:160); alta sensibilidade com Leishmaniose sp; Possibilidade de imprimir os eletrodos e na configuração que for conveniente para atender a demanda de pacientes por laboratório; facilidade em repetir o teste novamente no caso de amostras indeterminadas; o tempo das reações no imunossensor é pequeno quando comparado com o teste sorológico ELISA (ensaio imunoenzimático).

A tecnologia desenvolvida tem sua importância na área de saúde pública, não somente em países subdesenvolvidos, mas também daqueles que têm destinado grandes investimentos para o tratamento de portadores da doença de Chagas. O imunossensor desenvolvido, sem grandes empreendimentos financeiros futuros, poderá ser empregado na triagem de doadores em banco de sangue.

Esse trabalho referente ao mestrado em Biotecnologia teve o apoio financeiro da Fapesp (Proc. 99/12895-3 e 01/14397-2) e está sendo patenteado (Protocolo INPI No 002464) através do NUPLITEC - Núcleo de Patenteamento e Licenciamento de Tecnologia - da FAPESP.


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