Ao longo das últimas décadas, houve grandes avanços de conhecimento no que se refere a doenças neurológicas na medicina humana e, conseqüentemente, na área veterinária. O desenvolvimento tecnológico permitiu um estudo mais apurado do sistema nervoso. Apesar disso, falar em neurologia de cavalos ou de vacas, ainda soa como algo diferente para as pessoas que não estão acostumadas com o assunto.

O Departamento de Clínica Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Unesp (FMVZ), campus de Botucatu, conta com profissionais especialmente interessados pela área de neurologia degrandes animais. Eles pesquisam, atendem os casos que chegam ao Hospital Veterinário e oferecem orientação aos colegas. "Recebemos um grande número de casos e buscamos uma parceria com o veterinário de campo para diagnosticar essas enfermidades e fazer a profilaxia com relação ao restante do rebanho. Nosso principal objetivo é auxiliar não somente o produtor, mas especificamente o médico veterinário e colocar à sua disposição os laboratórios da universidade", afirma o professor Rogério Martins Amorim.

Esse tipo de assistência prestada pela faculdade traz grandes benefícios para o profissional de campo. Realizar exames em animais com problemas neurológicos sem utilizar os recursos que a FMVZ disponibiliza multiplica as dificuldades. Os professores da FMVZ trocam idéias e experiências com os colegas e fornecem uma consultoria às propriedades. "Nós formalizamos um convênio aqui na universidade com quem tiver interesse de uma consultoria ou uma assistência. Queremos colocar essa ajuda a disposição. Essa parceria já foi consolidada com muitos colegas", explica o professor Rogério.

A diversidade de casos atendidos é enorme. São problemas que afetam o encefálo e a medula espinhalcausando inflamações, infecções, degenerações e traumas. Como exemplo, a poliencefalomalácia, encefalites virais e bacterianas, fraturas e abcessos vertebrais, levando a compressões medulares. "Trabalhamos muito em conjunto com os colegas da Patologia, da Radiologia, do Laboratório Clínico e das Moléstias Infecciosas para podermos fechar os diagnósticos da maneira mais adequada possível", faz questão de salientar o professor Alexandre Borges Secorun.

Várias enfermidades neurológicas, quando diagnosticadas precocemente, são tratáveis. Em casos de doenças infecciosas, se for estabelecido um diagnóstico precoce, é possível impedir que outros animais se contaminem também. Além do que, algumas enfermidades são zoonoses importantes. Portanto, a prevenção ou o diagnóstico precoce podem evitar a contaminação humana.

A neurologia veterinária, sempre, foi vista como uma áreacomplexa e pouco acessível.O desenvolvimentoque a FMVZ alcançou nessa área surgiu de uma necessidade dos pesquisadores da faculdade e dos médicos veterinários de campo, de uma instituição que estudasse profundamente o assunto, e que pudesse, além de transmitir conhecimento gerado, auxiliar em termos de laboratório. "Hoje, fazer exame do sistema nervoso é tão simples como fazer exame do sistema respiratório, ou do sistema cardíaco, é só vocêter o conhecimento e praticar", garante o professor Alexandre Secorun.

O interesse pela área gerou a disciplina de pós-graduação Neurologia Veterinária na faculdade e o curso de extensão que começou em setembro e vai até novembro na FMVZ.

Mas, segundo o professor Rogério Amorim, o trabalho dos pesquisadores na área de neurologia de grandes animais está apenas começando: "Podemos dizer que estamos iniciando uma jornada. Já demos o primeiro passo, mas pretendemos avançar. Temos trabalhado em conjunto com instituições de outros estados e queremos aumentar esse vínculo aqui em São Paulo. Gostaríamos de ampliar e temos capacidade para isso".

Para quem se interessar pelo serviço, o atendimento ocorre, de 2ª a 6ª feira, no Hospital Veterinário da Unesp de Botucatu - Campus de Rubião Júnior, das 8h às 18h.O telefone do Departamento de Clínica Veterinária é (14) 6802-6067 e o da Clínica de Grandes Animais é (14) 6802-6044.