FM-Botucatu oferece serviço de
reabilitação pulmonar para ex-fumantes

Criado em 1989, o programa do Departamento de Clínica Médica
assiste pessoas que sofrem de doenças relacionadas ao tabagismo
Por Suzana Fonseca

Grupo de reabilitação: qualidade de vida adequada à reduzida capacidade pulmonar

O Serviço de Reabilitação Pulmonar, coordenado pela chefe do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Unesp, campus de Botucatu, Profa. Assistente Dra. Irma de Godoy, da Disciplina de Pneumologia, é oferecido desde 1989 a ex-fumantes que possuem doenças relacionadas ao uso do tabaco, como as pulmonares obstrutivas crônicas. Também participam pacientes com doenças não relacionadas ao uso do tabaco, mas estes representam menos de 10% do grupo.

Atualmente, cerca de 25 pessoas participam do programa, que visa melhorar a qualidade de vida delas, através de exercícios físicos. "Este serviço é oferecido às pessoas que possuem sintomas bastante importantes e limitação física. Elas participam, então, de um programa de treinamento, de educação, para que tenham uma melhora na qualidade de vida. A doença, uma vez que acomete o indivíduo, não tem retorno", diz a professora Ilma. "Através dos exercícios, queremos fazer com que o indivíduo consiga ter uma qualidade de vida adequada com a capacidade respiratória que ele apresenta", completa.

Profa. Irma: "A troca de experiências e o convívio também contribuem para a melhora da qualidade de vida deles"Para isso, todas as quintas-feiras, das 8 às 9 horas, os usuários do serviço de reabilitação comparecem à sala de exercícios, ao lado da Quadra de Esportes da FMB, onde participam de um recondicionamento físico geral. Lá, realizam caminhadas, praticam exercícios físicos moderados e fazem relaxamento. Tudo isso acompanhados pela professora Irma, pelo residente do 3º ano da Pneumologia Maurício Galhardo e pelo professor de educação física Waldomiro Rapello Filho.

"Esta é uma outra vantagem do programa, já que sempre tem um médico que os acompanha, e se aparece algum problema, é tratado numa fase inicial. Se o paciente tem uma agudização da doença, antes que ele tenha um quadro de infecção grave ele já é avaliado e tratado", ressalta a médica.

Saúde ameaçada

Sr. Horácio fumou durante 60 anos e hoje precisa de um tubo de oxigênio para realizar os exercíciosO grupo de usuários do serviço é formado por pessoas com idade acima de 50 anos, a maioria ex-fumantes com histórias parecidas e que se encontram num estado avançado da doença. Falta de ar, dificuldade em realizar pequenas tarefas, tosse, estes são alguns dos exemplos que os participantes do programa dão ao lembrar como se sentiam quando fumavam e antes de entrar no serviço de reabilitação.

Outro exemplo, este mais grave, é do senhor Horácio Cremole, 75 anos. Fumante desde os 13 anos de idade, largou o cigarro há um ano e meio, e hoje realiza as atividades com o grupo sempre deitado, tendo como aliado um tubo de oxigênio, sem o qual não conseguiria participar do programa. "Fumei durante 60 anos, mas parei porque estava praticamente morto", conta. "Hoje, estou bem melhor", comemora o ex-fumante.

Para fazer a reabilitação pulmonar, as pessoas são primeiro submetidas a uma avaliação física, que inclui um teste de esforço cardiológico. "Isso é para ver, antes da realização dos exercícios, se o paciente não vai ter nenhuma complicação", explica Irma.

Qualidade de vida

Exercícios - usuários do serviço são sempre acompanhados pelo médico residenteOs resultados do serviço de reabilitação são sentidos por todos os usuários. Eles são unânimes em afirmar que tiveram uma melhora visível na qualidade de vida, à medida que a falta de ar diminuiu e as atividades físicas já não cansam tanto. Mas os resultados não param por aí.

"Existe um outro resultado, que não é mensurável. São os vínculos que se criam em função dos encontros que acontecem todas as semanas, as amizades que se formam, a troca de experiências, o convívio, e que também contribuem para a melhora da qualidade de vida deles", analisa a professora.

De acordo com a coordenadora do serviço, a duração mínima destes programas deve ser de oito semanas. "Mas depois que a pessoa entra no programa esta é a única atividade dela. Se ela é mandada embora, cria-se uma situação difícil, pois ela cria vínculos com o serviço", pondera Irma. E continua: "Isto traz alguns problemas, pois acaba faltando aparelhos para a realização de exercícios e até mesmo espaço para a realização deles", avalia a professora.

Segundo ela, a experiência com isso é muito difícil. "Até mesmo emocionalmente e, quando eles vão embora, o efeito é temporário, e se eles não persistirem nas atividades, voltam ao estágio inicial. Então é importante que continuem", conclui.


Leia também:


Página inicial
O Jornal
E-mail Redação
Equipe
Agenda
Edições Anteriores
Revistas Científicas