Unesp de Rio Claro realiza mini-curso sobre "Mudança Climática"

Por Brenda Marques

Logotipo do Câmpus de Rio ClaroA Unesp de Rio Claro realizou, recentemente, um mini-curso para abordar as mudanças climáticas na Terra. O Prof. Dr. Antônio Carlos Tavares, livre-docente em Climatologia do Departamento de Geografia, do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Unesp de Rio Claro, foi o coordenador do curso. Segundo ele, ao longo do tempo geológico, a Terra tem sofrido sucessivas mudanças climáticas, alterando períodos quentes e frios.

"Há fortes indicadores de que, atualmente, a Terra passa por um rápido processo de mudança climática, com elevação acentuada da temperatura global, em decorrência do grande acúmulo na atmosfera de gases produtores do efeito estufa, tais como dióxido de carbono, ozônio, metanos e óxido nitroso, oriundos, em maior parte, da queima de combustíveis fósseis e biomassa", explica Tavares.

Para se ter uma idéia do problema, são lançadas cerca de 23 bilhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera a cada ano, cerca do triplo das emissões ocorridas em meados do século XX", complementa.

Pesquisas apontam que, no século passado, a temperatura do planeta aumentou cerca de 0,6ºC, sem, todavia registrar uniformidade em todas as áreas. A década de 90 foi a mais quente desde o início das observações das temperaturas mundiais. O ano de 1998 foi o adotado de temperatura mais elevada do último milênio, incluindo valores estimados, ficando o segundo lugar com 2001.

Levantamentos do Painel Intergovernamental de Mudança Climática fazem previsões de que a temperatura da Terra, até 2100, poderá crescer entre 1,4ºC e 5,8ºC dependendo do controle das emissões. Estudos recentes publicados na Revista Nature falam em aumentos de até 6,7ºC.

Apesar das dificuldades para estabelecer tendências globais para as precipitações, que apresentam forte descontinuidade no tempo e no espaço, estudos têm demonstrado que as precipitações estão aumentando nas médias e altas latitudes do hemisfério norte, mas decaindo no extremo sul do continente europeu. Pesquisadores mostram que á uma tendência ao aumento da chuva no estado de São Paulo, com exceção de trechos dos litorais norte e central das Serras do Mar e Mantiqueira.

Aumentos das temperaturas, que refletirão na ascensão das cotas oceânicas, portanto, podem afogar regiões insulares e planícies fluviais, como em Bangladesh, reduzindo grandemente áreas produtoras de alimentos e afetando os sistemas costeiros.

"Serão expandidas áreas de maior incidência de doenças produzidas por vetores, como febre amarela, malária, dengue e esquistossomose, endêmicas nas zonas intertropicais. Ausência de água e fome serão intensificadas em muitas regiões, mas, em contrapartida, tempestades e enchentes passarão a ser freqüentes em outras", diz Tavares.

As relações econômicas mundiais, segundo o docente, sofrerão profundas alterações, com danos maiores para as nações já pobres das regiões intertropicais. Previsões pessimistas como estas fizeram parte do Terceiro Relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas divulgado no início de 2001 e merecem, nos editorias da Folha de São Paulo, edição de 28 de fevereiro de 2001, a designação de Apocalipse Climático, porém o Jornal lembrou que elas não foram escritas por anônimos profetas, mas por 426 cientistas de diversos países e revistas por outros 473 especialistas.


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