FMVZ-Botucatu é referência nacional em reprodução de equinos

Por Aline Grego e Sérgio Santa Rosa

Reprodução de EquinosSão Paulo é o Estado com a maior população de cavalos do Brasil. São cerca de 600 mil animais e aproximadamente 70% dos criatórios de eqüinos se localiza num raio de 200Km de Botucatu. Impulsionado pela situação geográfica, o Departamento de Reprodução Animal e Radiologia Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP alcançou uma posição de destaque no setor de reprodução eqüina, reconhecida inclusive internacionalmente.

"Há uma cobrança para a resolução dos problemas que acontecem com os criadores da região. Estudar e tentar resolve-los faz parte das atividades da faculdade", explica o professor Marco Antonio Alvarenga.

Para discutir os problemas que surgem no campo, voltados para a reprodução dos cavalos, o departamento realiza duas reuniões anuais com veterinários que atuam na área. Segundo o professor Marco, essa interação é fundamental: "Nós ouvimos os problemas e tentamos direcionar pesquisas que atendam a essas solicitações. Da mesma forma, o veterinário que traz os questionamentos é quem aplica as tecnologias desenvolvidas aqui e, posteriormente, nos traz a resposta sobre a eficiência delas".

Os alunos da faculdade também se beneficiam com esse dinamismo. Eles recebem treinamento que os capacita para trabalhar no setor, onde existe uma procura por alunos formados na FMVZ. "O mercado do cavalo absorve por ano entre 10% a 20% dos que se formam aqui. Botucatu é um ponto de referência para formação de veterinários que trabalham com reprodução de eqüinos", relata o professor Marco.

Além de ser o centro universitário que mais produz em termos de pesquisa voltada para a reprodução de eqüinos na América Latina, o departamento tem um certo pioneirismo na criação de materiais para reprodução de cavalos, como a vagina artificial e o meio diluente para sêmen. "Nós procuramos desenvolver produtos não produzidos no Brasil e colocá-los no mercado para que as empresas comecem a fabricar", afirma o professor Marco.

Atualmente, o Departamento de Reprodução tem o laboratório mais bem equipado no Brasil, no que diz respeito à avaliação de sêmen, montado com o auxílio da FAPESP. Conta com um equipamento para avaliar padrões de motilidade e velocidade espermática que é o único no Estado de São Paulo. A FMVZ é a única faculdade de medicina veterinária do Brasil que possui esse equipamento.

Prof. Dr. Marco Antonio AlvarengaProcurando otimizar a produção e diminuir os custos para o criador de eqüinos, uma das linhas de pesquisa do departamento, atualmente, é a busca da melhoria na qualidade de congelamento de sêmen. Segundo o professor Marco Alvarenga, os resultados do congelamento de sêmen de garanhões são muito inferiores aos de bovinos. "Nossas pesquisas tem surtido efeito, o uso do meio diluente desenvolvido pelo professor Frederico Papa e de crioprotetores alternativos propiciou melhoria de motilidade e fertilidade do sêmen congelado. Hoje, a aceitação de sêmen congelado pela indústria do cavalo melhorou muito".

Aliada a essa melhoria na qualidade, há uma linha de pesquisa que busca a otimização do uso do sêmen congelado. Dentre as técnicas que permitem o uso de poucos espermatozóides para inseminar as éguas, está a inseminação por endoscopia. "Através de um endoscópio humano, colocamos cerca de 10% dos espermatozóides utilizados em uma inseminação artificial comum no útero da égua", explica o professor Marco. Esse é um exemplo de tecnologia que foi ensinada aos veterinários da região, e está sendo aplicada em nível comercial com resultados interessantes. Os dois maiores centros de reprodutores de eqüinos do Estado já usam essa técnica rotineiramente, para a aplicação de sêmen congelado.

O congelamento de embriões e um tratamento hormonal que estimula a super ovulação são outros exemplos de técnicas desenvolvidas na FMVZ, que têm sido aplicadas no campo com bons resultados. A próxima linha de pesquisa que deve ganhar destaque na área de reprodução de eqüinos é a de fertilização in vitro. A técnica que atualmente é aplicada em bovinos não dá os mesmos resultados com os cavalos. A pesquisa coordenada pela professora Fernanda Landim Alvarenga tentará descobrir as causas do problema e possíveis soluções.

"O cavalo deixou de ser apenas um animal de trabalho e de produção. Hoje ele é também animal de companhia e sua presença está arraigada na cultura e no cotidiano da população do Estado de São Paulo. A "indústria" do cavalo só tende a crescer", nota o professor Marco Alvarenga. Através do trabalho desenvolvido pelo Departamento de Reprodução, a FMVZ pretende não apenas contribuir para esse crescimento, mas também preparar profissionais de reconhecida qualidade para atuarem na área.


Leia também:

Página inicial
O Jornal
E-mail Redação
Equipe
Agenda
Edições Anteriores
Revistas Científicas