Confira o primeiro relatório do PEJA

O "Projeto UNESP de Educação de Jovens e Adultos - PEJA" -, criado em 2000, é uma iniciativa institucional da UNESP, implantada em 2001, em sete câmpus: Araraquara, Assis, Bauru, Marília, Presidente Prudente, Rio Claro e São José do Rio Preto. O PEJA está voltado à alfabetização e letramento da comunidade interna e à externa a esta, promovendo a interação entre a UNESP e a sociedade local.

Um Grupo de Coordenadores atua junto à PROEX, com o objetivo de implementar o PEJA nos câmpus que possuem cursos na área de Educação. O referido Grupo, buscando estabelecer as diretrizes para o desenvolvimento do assunto, criou regulamentação para o Projeto, que será apreciada pelos órgãos colegiados da UNESP.

Cada um dos câmpus envolvidos conta, inicialmente, com até três salas de aula e cinco educadores de jovens e adultos, que recebem Bolsa de Extensão Universitária. As classes são de 1ª a 4ª série, diversificando-se de acordo com os níveis de conhecimento do público-alvo e com as peculiaridades de cada uma das Unidades. Coordenam esse trabalho, os seguintes professores doutores:

Araraquara - Profa. Dra. Roseana Costa Leite - O Projeto de Educação de Jovens e Adultos no campus de Araraquara teve início com o levantamento da demanda existente e reconhecimento da cobertura a esta demanda, seja pelo poder público, sesi, ongs ou ações assistenciais. Foram realizados contatos com o setor de pessoal da FCL, para o levantamento da demanda interna, e contatos com a Secretaria Municipal de Educação e com a coordenação de ações envolvendo serviço voluntariado, ligada à Igreja Católica com apoio de organizações e empresariado locais.

A partir deste levantamento, localizamos, em dois bairros periféricos, a ausência de algum atendimento na área de educação de jovens e adultos em resposta a uma demanda existente (escolas e igrejas dos bairros confirmavam procura de jovens e adultos por classes de aula específicas).

Nestes dois bairros, Melhado e Yolanda Ópice, desenvolvem-se os trabalhos do Peja/Unesp; no primeiro, na escola estadual EEPG Dr. João Pires de Camargo que oferece no período noturno classes de Suplência II (5ª a 8ª séries) e poderia possibilitar a continuidade de estudos para os alunos eventualmente atendidos pelo Peja. Nessa escola, o projeto é respeitado e conta com o apoio possível daqueles envolvidos no trabalho escolar; lá funcionam duas classes de educação de jovens e adultos, com a participação média de dezoito alunos por classe. No segundo bairro, Yolanda Ópice, as dificuldades para a cessão de um local apropriado avolumaram-se ante a resistência da diretora substituta da EE Leonardo Barbieri em abrir a escola à comunidade, com o apoio da Diretoria Regional de Ensino; nesse bairro funciona uma classe de educação de jovens e adultos com a freqüência, em média, de vinte alunos, cujas idades variam entre vinte a setenta anos, no Centro de Convivência Social do bairro.

O projeto, graças ao empenho e trabalho compromissado dos cinco alunos bolsistas e um voluntário, tem permitido, a eles mesmos, uma experiência prática que exige reflexão e estudo e, aos educandos, a construção de um conhecimento que, em muitos casos, implica uma transformação de vida.

Assis - Profa. Dra. Regina Aparecida Ribeiro Siqueira - O PEJA/Assis vem desenvolvendo suas atividades de sala de aula desde 19/3/01. Iniciou os trabalhos em duas classes, sendo uma na região periférica do município e uma na Central, a primeira com 10, e a segunda, com 07 alunos.

Em abril/2001, o número de classes foi ampliado. Foram constituídas mais duas classes, ambas na periferia do município de Assis, cada uma com oito alunos.

Em três delas, o trabalho recai sobre o ensino da língua materna, na modalidade de escrita (alfabetização), e em noções básicas de cálculo; em outra, já é possível o trabalho com leitura e produção de textos, e estudos de ciências da natureza e da sociedade.

Atualmente, uma nova classe foi assumida pelo PEJA/Assis, constituída de alunos portadores de deficiência auditiva. Ao todo, somam 15 alunos. O trabalho é, ainda, muito recente. Todos os alunos têm conhecimento da escrita alfabética, porém dispões de um universo vocabular muito estreito. O desafio é a tônica desse novo envolvimento do PEJA.

Bauru - Prof.Dr. Antonio Francisco - As atividades do PEJA em Bauru estão sendo realizadas em 4 salas a saber:

  1. Sala do Campus: sala com 7 funcionários da Unesp e uma pessoa da comunidade. Seis desses alunos haviam cursado 4 anos de escola e, dois deles nenhum, ou, muito pouco;

  2. Sala da Associação Beneficente Cristã (Abrigo para mulheres): A sala funciona há dois meses com 24 alunas. Os alunos (mulheres) são formados por ex-pacientes do hospital psiquiátrico, mantido pela instituição, que recebem alta e não tem família ou, foram abandonados por elas. A dificuldade maior no processo de alfabetização das alunas, deve-se a deficiência mental leve e, ainda, aos problemas de coordenação motora ou de fala. Além disso, são pessoas que perderam, de certa forma, o contato com o mundo real, sendo que poucas trabalham dentro da instituição, e saem de lá de vez em quando;

  3. Sala da Casa do Leite: No curso oferecido pelo PEJA, estão inscritas 14 mulheres, há previsão de que nas próximas semanas chegue a vinte alunos. São mães de crianças que freqüentam a instituição. A maioria absoluta delas, migrantes do Paraná e Nordeste, com pouca ou nenhuma escolarização;

  4. Sala da GILGAL: Entidade de recuperação de adolescentes e jovens dependentes de drogas e com pequenas infrações. Os internos permanecem na instituição de 3 a 9 meses. O PEJA atende uma sala com cerca de vinte alunos. A maioria apesar de ter freqüentada 4 ou 5 anos de escola, mal conseguem escrever ou ler. O objetivo do PEJA tem sido recuperar a aprendizagem desses alunos e encaminha-los, após a saída da entidade, para a escola regular.

Marília - Prof.Dr. José Carlos Miguel - As atividades do PEJA/Marília estão sendo desenvolvidas desde o dia 05/03/2001 em três escolas estaduais (E.E. "Profa. Amélia Lopes Anders", E.E. "Profa. Sylvia Ribeiro de Carvalho, E.E. "Maria Izabel Sampaio Vidal"), todas situadas em regiões periféricas da cidade de Marília. Conta com um total de 64 alunos de 1ª a 4ª séries do Ensino Fundamental, a maioria em nível de escolarização inicial.

As aulas são ministradas de segunda a quinta-feira, sendo reservada a sexta-feira para sessões de estudo, planejamento pedagógico e desenvolvimento de atividades culturais diversas com os alunos já que se pretende a ampliação da noção de Alfabetização de Jovens e Adultos para um contexto de Educação de Jovens e Adultos. Os educadores de jovens e adultos são auxiliados por Bolsistas PAE e voluntários. O projeto tem sido divulgado em encontros científicos, cabendo registrar que há perspectiva de aumento da demanda em função da procura por ações do projeto por parte de lideranças da comunidade Mariliense.

Presidente Prudente - Profª.Drª. Maria Peregrina Fátima R. Furlanetti - Em Presidente Prudente, o PEJA iniciou suas aulas com duas salas de aula no mês de março de 2001, no Centro de Educação, Treinamento, Reabilitação e Integração do Deficiente Visual - CETRI. Essas salas estão situadas no Bairro Itapura - I. Atende pessoas com certo grau de deficência visual. O trabalho dessa instituição filantrópica tem como objetivo introduzir um novo modo de pensar sobre o deficiente visual.

No total, são atendidos 17 alunos, 11 no período vespertino, cuja idade está entre 23 a 70 anos, e 06 no período noturno, abrangendo a comunidade local e com idade entre 25 a 60 anos.

As outras duas salas de aula iniciaram-se no mês de maio, porém o trabalho para levantamento de demanda de alunos foi sendo executado desde o mês de março. Assim, a 3ª sala de aula está instalada no Bairro Ana Jacinta, no período vespertino, e está em funcionamento não apenas com alfabetização, mas também com aulas de Educação Física e teatro. A 4ª sala de aula funciona no período noturno, no mesmo bairro, com alunos que fazem parte das atividades da Paróquia local - Paróquia Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos.

As dificuldades apareceram, quando começaram a reforma nas salas da paróquia: não há espaço apropriado para guardarem os materiais, e a turma que funciona no período vespertino, nos últimos meses está funcionando na casa de uma aluna.

As primeiras sementes foram lançadas, as matrículas para o ano de 2002 estão abertas, a nova sala de aula vai ser inaugurada, os envolvidos neste trabalho (Núcleo de Pesquisa em Educação Popular/UNESP, Paróquia Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos, e comunidade Local) debruçam-se agora em analisar os relatórios de atuação, buscando traçar novos caminhos na consolidação de um sonho como direito - Educação Para Todos.

Rio Claro - Profa. Dra. Maria Rosa R.M. Camargo - O Grupo do "câmpus" de Rio Claro, desde 5/3/2001, encontra-se desenvolvendo atividades regulares de ensino para 35 alunos em 4 turmas/classes: 1) turma A - 13 alunos - funcionários da UNESP; 2) turma B - 04 alunos - funcionários da UNESP e comunidade externa; 3) turma C - 06 alunos - mulheres, bairro Guanabara; 4) turma D - 12 alunos - assentamento de Cordeirópolis. Os níveis de escolaridade vão de 1a a 3a série (turma B, C, D) e de 4a a 8a série (maioria da turma A). Em 3 turmas, a ênfase do trabalho recai sobre o ensino da língua, na modalidade de escrita, (alfabetização), e sobre noções de cálculo necessárias.

Na 4a turma, constituída de alunos em níveis de escolarização mais avançados, têm sido trabalhados conteúdos, como: juros de mercado, noções de saúde (informação e prevenção), preocupações ambientais, a necessidade do aprimoramento da escrita utilizada no dia-a-dia etc. A avaliação dos trabalhos vem sendo feita regularmente pelos educadores, em conjunto com os alunos, visando tanto à reflexão sobre o processo de aprendizagem, como ao constante redimensionamento das atividades e procedimentos pedagógicos. Os educadores de jovens e adultos realizam a prática das aulas três vezes por semana/turma.

São José do Rio Preto - Profa. Dra. Susanna Busato Feitosa - As atividades do PEJA, em nosso "campus" iniciaram-se em 7/4/2000, com quatro salas, sendo duas na própria unidade da UNESP e duas na Paróquia do bairro do São Francisco. As aulas ocorrem três vezes por semana, às terças, quartas e quintas-feiras , à noite, conforme a demanda que tivemos. As salas atendem exclusivamente à comunidade externa , cujo nível de escolaridade se estende da 1ª a 4ª série.

Têm sido trabalhos de conteúdos referentes aos cuidados básicos de higiene e saúde, prevenção de doenças, introdução ao estudos dos seres vivos e do planeta, noções de geografia da região e história e cultura brasileiras, por meio de textos de variados gêneros, cujo trabalho de leitura privilegia as competências do aluno em inferir informações por meio das imagens e palavras geradoras. A Matemática insere-se de forma prática, sendo trabalhada em situações de necessidade de cálculo numérico, como na resolução de problemas. A reflexão sobre língua e a linguagem norteia o processo ensino-aprendizagem em nosso Projeto atual.


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