A Leucemia Mielóide Crônica (LMC) é uma doença clonal caracterizada pela proliferação e acúmulo de células tumorais mielóides e seus precursores, induzida pela transformação neoplásica de uma das células hematopoéticas.

 Esse clone possui uma anormalidade citogenética que se caracteriza pela translocação recíproca entre os cromossomos 9 e 22, resultando na formação do cromossomo Philadelphia - Ph1 (fig.1).

Fig. 1 Cromossomo Philadelphia (Ph). Translocação recíproca entre os cromossomos 9 e 22; t (9;22) (q34;q11).

A conseqüência molecular dessa translocação é a formação de um gene anormal resultante da fusão do gene BCR do cromossomo 22, com o protooncogene ABL localizado no cromossomo 9 (fig.2). Esses eventos resultam na transcrição de um RNA mensageiro (mRNA) quimérico BCR/ABL que codifica uma proteína alterada que ”in vitro” apresenta atividade tirosina quinase exacerbada quando comparada com a proteína ABL normal e que parece estar envolvida com a leucemogênese.

Fig.2 Representação esquemática dos genes ABL e BCR na t (9,22 (q34;q11). Os exons estão representados pelas cores azul e laranja escuros nos genes ABL e BCR, respectivamente e os introns pelas cores azul e laranja claros. As quebras no ABL, ilustradas pelas setas vermelhas, quase invariavelmente ocorrem acima do exon 1b, entre 1a e a2. Os pontos de quebra no BCR usualmente ocorrem dentro de uma das 3 regiões indicadas pelas duplas setas horizontais. Os exons de 12 a 16 do gene BCR correspondem aos exons b1 a b5 da região M-bcr. Em casos excepcionais os pontos de quebra no BCR caem entre m-bcr e na região indicada pela dupla seta pontilhada. Abaixo, a estrutura de vários RNAm transcritos BCR/ABL e suas respectivas proteínas, os quais são formados de acordo com a posição de ponto de quebra no BCR (MELO et al., 1996, modificado).

O diagnóstico molecular desse mRNA, envolve alta tecnologia: extração de RNA, transcrição reversa e Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) em duas etapas.
O transplante de medula óssea (TMO) é uma alternativa terapêutica indicada para uma ampla variedade de desordens hematopoéticas. A forma mais utilizada dessa terapia é o transplante alogênico, o qual envolve a infusão de células de um doador relacionado ou não a um paciente (receptor), sendo portanto indivíduos geneticamente diferentes.