José Arana Varella, do IQ-Araraquara,
recebe prêmio da Sociedade Espanhola de Cerâmica
Por Luciana Massi

Prof. José Arana VarelaO Prof. José Arana Varela, do Departamento de Físico-Química do Instituto de Química da Unesp (IQ), campus de Araraquara, recebeu o prêmio "Epsilon de Ouro", concedido pela Sociedade Espanhola de Cerâmica e Vidro. O professor Varela foi eleito por suas contribuições relevantes na área de materiais cerâmicos eletrônicos. Esta foi a primeira vez que um cientista de origem não espanhola recebeu tal homenagem.

Convidado para apresentar a palestra "Varistores de Óxidos de Estanho: Propriedades e Desafios para Aplicações Industriais", durante a V Conferência Ibero-americana de Eletrocerâmica, em Castellon/Espanha, realizada no período de 19 a 21 de junho, o professor foi premiado durante a sessão de enceramento da conferência, com um dos dois "Epsilons de Ouro", concedidos pela entidade aos pesquisadores sêniors, cuja contribuição em Eletrocerâmica tem sido substancial nos últimos anos.

Varela atribui o prêmio à produção científica do Laboratório Interdisciplinar de Eletroquímica e Cerâmica (LIEC-UNESP/UFSCar), criado em 88, que é coordenado no IQ pelo próprio docente. "O prêmio é conseqüência da produção científica do LIEC, com participação de todos membros do laboratório, professores e alunos de graduação e pós-graduação", afirma Varela.

O docente enxerga o prêmio como um "fruto de todo trabalho que desenvolvem tiveram no LIEC. "É um reconhecimento da comunidade Ibero-Americana pelo nosso trabalho, e pela nossa contribuição para a literatura internacional", aponta.

Pesquisas do LIEC

O LIEC foi o primeiro laboratório a pesquisar varistores à base de óxido de estanho (SnO2). Os varistores são dispositivos que protegem circuitos elétricos e linhas de transmissão de energia. Nos eletrodomésticos uma mudança de tensão pode ser absorvida pelo varistor, protegendo assim os elementos mais caros do sistema (como diodos, capacitores, transistors, por exemplo), nos para-raios também são os varistores que absorvem a descarga elétrica do raio e protegem os circuitos elétricos. Atualmente, todos varistores encontrados no mercado são feitos à base de óxido de zinco (ZnO), que apresenta uma estrutura muito mais complexa do que o SnO2.

Além desta vantagem o óxido de estanho apresenta uma alta resistência à corrosão, é abundante no país e provavelmente varistores feitos com este óxido serão mais baratos do que os já existentes comercialmente. O professor explica que "os varistores de SnO2 já foram testado em laboratório, agora precisamos produzí-lo em Prêmio "Epsilon de Ouro"escala piloto para verificar se este processo é mais barato que o processo de produção do varistor a base de ZnO. Estamos fazendo alguns testes em uma empresa nacional de produtos elétricos", este desafio foi o tema da palestra proferida durante a Conferência.

As pesquisas mais recentes do grupo são relacionadas à existência e natureza do efeito de fotoluminescência em cerâmicas amorfas. A inovação da pesquisa consiste em detectar estes efeitos em materiais que não têm estrutura cristalina ("organizada"). O efeito da fotoluminescência consiste em excitar um material que passa a emitir luz, a diferença entre os materiais está no tempo de resposta de cada um. Este efeito é observado em sprays, displays, sinalizadores em estradas. O grupo está utilizando cálculos teóricos para explicar a natureza deste efeito nas cerâmicas amorfas. Atualmente o LIEC pertence ao Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos - CMDMC, um dos CEPIDs da FAPESP (Centro de Excelência) dirigido pelo Prof. Elson Longo e que integra vários grupos de pesquisa da UFSCar, UNESP, USP São Carlos e IPEN.

Quem é José Arana Varela?

Varela é Professor Titular do IQ, Diretor para Inovação do CMDMC, pós-doutor em Materiais Cerâmicos pela Pensylvania State University, PSU, Estados Unidos e doutor em Ciência de Materiais pela Universidade de Washington - Seattle (EUA), membro da Academia Internacional de Cerâmica desde 1995 e do corpo editorial de Ceramics Internacional desde 1985. O professor já recebeu mais de 16 prêmios e menções honrosas, publicou mais de 330 artigos em periódicos e 10 capítulos em livros da circulação internacional, gerou mais de 420 trabalhos em congressos nos últimos 10 anos, e orientou e co-orientou mais de 45 teses e dissertações.