O professor Roberto Esberard, vice-diretor da Faculdade de Odontologia da Unesp (FO), campus de Araraquara, foi um dos responsáveis pela reinauguração do Museu da Odontologia da faculdade. Em entrevista exclusiva ao Informativo Proex, Esberard fala sobre as reformas e sobre o papel do museu para comunidade acadêmica e para a população em geral. Confira.

Por que reinaugurar o museu? Quais os objetivos desta iniciativa? Como foi desenvolvido este trabalho? Como era antes e como é agora?

R: O museu será reinaugurado, pois está passando por modificações, reformas e ampliação. O museu começou discretamente há mais de 20 anos, por iniciativa do Prof. Dr. Raphael Lia Rolfsen. Posteriormente o Professor Welington Dinelli, assumiu o museu, organizando-o e ampliando. Posteriormente, quando ele asumiu a Direção da Faculdade, na sua gestão e através de Projeto infra da Fapesp, o local recebeu melhorias.

Com a aposentadoria do Prof. Dinelli, eu assumi a Direção daquele espaço e agora estou empenhado em melhorá-lo, principalmente considerando a grande quantidade de peças guardadas num depósito por falta de espaço. Justamente pelo fato de não termos espaço no museu, um grande numero de peças interessantes estava guardada num depósito e, assim, impedidas de serem vistas.

O Museu Odontológico da FOAr encontra-se organizado em espaço próprio e visa manter viva a história da Odontologia, com coleções de móveis, equipamentos, instrumentos, livros, materiais, medicamentos, etc..os quais evidenciam a evolução da profissão no transcorrer do tempo. O acervo vem se consolidando através de doações de profissionais e familiares, tendo recebido visitantes do País e do exterior.

Fale um pouco da história do museu: o nascimento, a evolução, as parcerias, os objetos expostos etc.

Como parceiro, tivemos um grande apoio da Fapesp, além do apoio da Faculdade de Odontologia. A Prefeitura tem interesse em levar o museu para um local maior, pois considera um dos pontos turísticos da cidade, mas ainda não temos uma posição clara sobre isso. Recebemos freqüentes visitas dos alunos da Uniara (curso de turismo) que se interessa pelo mesmo.

Temos feito contato com a empresa Dabi-Atlante, uma das maiores fabricantes de consultórios odontológicos do Brasil, no sentido de formar parceria com eles, pois boa parte do acervo do nosso museu, faz parte da história da própria empresa.

Tentaremos, através do desenvolvimento de um Projeto de Extensão, conseguir algum apoio da Proex, pois o sucesso do seu desenvolvimento depende, sem dúvida, do trabalho de estagiários no catálogo e apresentação do museu aos visitantes...

Qual é o acervo do museu e qual a sua importância para a comunidade?

O acervo do museu é composto por consultórios, aparelhos, instrumental, documentos, fotografias e mobiliário antigo da faculdade ou recebido como doação.

O museu é um projeto de fundamental importância para a cultura de um povo resgatar o passado e nele se espelhar para o futuro. Um povo que não tem passado também não terá futuro. O conhecimento do passado permite acompanhar toda uma evolução de um povo e de uma profissão.

Como o acervo é obtido? De onde vem os objetos expostos?

O acervo é formado por aparelhos, mobiliários e instrumental, antigos da faculdade (que está completando 80 anos) e também da grande quantidade de material que recebemos de doações, oriundas de associações de classe, ex-alunos, parentes de profissionais falecidos etc..

... há alguma raridade?

Muitas peças são raras e estão em processo de catalogação. Acreditamos ter cerca de 4 mil peças. Acredito que a peça mais antiga é uma cadeira odontológica desmontável datada de 1895, que era transportada em lombo de burro para atendimento no campo e uma outra portátil utilizada na 1ª Guerra Mundial.

Qual é média de visitação, o tipo de público, e volume de objetos expostos no museu?

O museu é aberto esporadicamente: nos eventos da faculdade (jornadas) e também por meio de agendamento prévio por outras instituições (prefeitura, turismo, visitação de ex-alunos, e alunos do curso de turismo da Uniara. Só não fica aberto mais tempo por falta de funcionários ou alunos estagiários.

E quais os planos para o futuro?

Como parte das comemorações dos 80 anos da nossa faculdade, estamos promovendo 2 concursos (ambos ligados ao museu de alguma forma): concurso de fotos antigas da faculdade: que irão enriquecer o acervo do nosso museu; e concurso de artezanato regional com temas odontológicos. O público alvo são os nossos 187 alunos de Pós Graduação de várias partes do país e da America Latina e que certamente poderão enriquecer o nosso museu com um novo departamento: artezanato regional.

Acredito que o nosso museu seja o mais rico em peças entre os poucos existentes no Brasil, com destaque para o museu da APCD-Central de SP, que não conheço pessoalmente. Temos um grande número de peças repetidas para permuta ou doação para outros museus que estão em fase de formação;

O tema é vastíssimo, rico e infindável. Este nosso atual trabalho de identificação, cadastramento e acompanhado de fotografias de todas as peças resultará numa publicação para consulta, pesquisa e mostra da evolução do instrumental e equipamento odontológico, bem como num CD que já está sendo elaborado com o apoio de alunos estagiários de informática.