Projeto Cação do câmpus de São
Vicente estuda pesca de tubarões e arraias

Por Marcos Rogério Rosa

Logotipo do Projeto CaçãoO campus da Unesp de São Vicente, entre outros projetos de pesquisa, mantém o "Projeto Cação", coordenado pelo Prof. Dr Otto Bismarck Fazzano Gadig e pelos biólogos Rafael Cabrera Namora (mestrando) e Fabio dos Santos Mota (doutorando). Trata-se de um estudo que tem por objetivo de analisar os diferentes aspectos da biologia e da pesca dos tubarões e arraias capturados pela frota artesanal de Itanhaém, no Litoral Sul de São Paulo .

O "Projeto Cação" teve inicio em julho de 1996, sediado no Aquário Municipal de Santos. Com a contratação, neste ano de 2003, do professor Otto Bismarck, o projeto passou a estar vinculado ao campus de São Vicente.

"Uma das metas do projeto é conhecer a história natural dos tubarões que habitam o Litoral Sul de São Paulo, ou seja, quais espécies podem ser encontradas na região, em que época, quais os hábitos alimentares, reprodutivos e outras informações biológicas. Essas informações serão utilizadas para futuras pesquisas de iniciação científica e de pós-graduação. Os dados são periodicamente divulgados em encontros científicos nacionais e internacionais, através de resumos e trabalhos integrais", explica Bismarck.

Outro objetivo do "Projeto Cação" é estudar as características das artes de pesca que são empregadas pelos pescadores artesanais e analisar a sua influencia nas diferentes espécies de cações.

Como funciona

Semanalmente, os membros do "Projeto Cação" deslocam-se até a Praia dos Pescadores em Itanhaém, onde desenvolvem o trabalho de acompanhamento dos desembarques da pesca. Ao chegar o produto das pescarias, os cações são imediatamente numerados, para controle dos dados de cada indivíduo. Em seguida, a espécie é identificada, medida e pesada. A cabeça, vísceras e alguns exemplares inteiros são guardados e levados para a Unesp de São Vicente, para posterior análise.

Entre julho de 1996 e fevereiro de 2003, foram examinados cerca de 13,5 mil tubarões, de 14 espécies, sendo o cação-frango, Rhizoprionodon lalandei, o mais comum e sobre o qual já foram produzidas uma tese de mestrado (sobre reprodução, pelo biólogo Fábio Motta) e uma outra tese de mestrado em conclusão (sobre alimentação, pelo biólogo Rafael Cabrera Namora).

O projeto continua em plena atividade e os planos futuros incluem estudos demográficos e biológicos sobre as outras espécies e também a planificação de uma estrutura de estágio e treinamento para estudantes de biologia.

A cultura caiçara

O "Projeto Cação" visa também demonstrar à comunidade regional e autoridades a importância da preservação das colônias de pescadores artesanais, as quais estão, cada vez mais, condenadas ao esquecimento.

"Os pescadores artesanais representam patrimônio cultural, histórico e social de inestimável valor a qualquer comunidade litorânea. O 'Projeto Cação' é uma prova também da importância científica dessas comunidades tradicionais, sem as quais nenhuma pesquisa seria possível", afirma Bismarck.

Itanhaém é uma das poucas cidades do Estado de São Paulo que ainda possuem uma autêntica colônia de pesca artesanal. "É obrigação das autoridades, dos cidadãos, dos turistas, dos biólogos, enfim, de todos os usuários deste local manifestar apoio no sentido de se preservar tamanho patrimônio", finaliza o docente.


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