IQ-Araraquara desenvolve material
para fusão eficiente de fibras ópticas

Por Luciana Massi

Fibra óticaO Centro Multidisciplinar de Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos (CMDMC), do qual participam docentes do Instituto de Química da Unesp, campus de Araraquara, desenvolveu um material à base de óxido de estanho (SnO2) que apresenta alta resistência química e um custo cerca de 20 vezes menor em relação aos similares em uso para produzir cadinhos, para, por exemplo, a fusão de fibras ópticas.

Atualmente, cadinhos de platina, ouro ou carbono são usados nesses processos químicos, que envolvem altas temperaturas. Além do custo e da alta resistência química, esse material apresenta a vantagem de ter como matéria-prima óxidos de grande abundância no Brasil. E a produção do material envolve técnicas e temperaturas normais de produção de materiais cerâmicos.

Cadinhos são recipientes utilizados em operações químicas com elevadas temperaturas. Processos como o de fusão de fibras ópticas dependem destes recipientes, pois o vidro é fundido no cadinho e esticado de modo que, após o resfriamento, a fibra esteja formada. Esse processo exige altas temperaturas, o material desenvolvido pelo grupo resiste à cerca de 1200°C, e também apresenta alta resistividade a choques térmicos. O cadinho de SnO2 também pode ser usado no processo de crescimento de cristais semi-condutores, que representam um processo muito importante, pois existem algumas propriedades que só podem ser obtidas através da utilização de mono-cristais.

A partir do fato de que o óxido de estanho apresenta uma alta resistência química, não reagindo com o material a ser fundido no recipiente, o grupo desenvolveu um método de torná-lo mais denso, uma vez que o material sendo muito poroso, poderia deixar o líquido que estivesse sendo aquecido sair pelos poros do mesmo. Eles encontraram dois dopantes, que permanecem em solução sólida após sinterização (evitando contaminações), e realizaram o processo conhecido como densificação, ou seja tornam o óxido mais denso, fechando os poros do material.

Do processo de produção até a patente, foram quatro anos de pesquisa, que terminaram no final de 2002. O registro da patente "Processo de obtenção de cerâmicas densas, produto resultante e uso das mesmas" foi feito pelo Núcleo de Patenteamento e Licenciamento de Tecnologia (Nuplitec) da FAPESP - PI0203586-3. Ainda não é feita a produção comercial desses cadinhos de SnO2. Mas os cadinhos desenvolvidos pelo grupo já são usados para produção de dispositivos contendo óxidos de chumbo e na fusão de vidros especiais.

A pesquisa envolveu 15 pesquisadores de três laboratórios, que fazem parte do CMDMC, o Laboratório Interdisciplinar em Eletroquímica e Cerâmica (Liec) do IQ, o Departamento de Química da UFSCar e o Instituto de Física de São Carlos da USP, incluindo os professores José Arana Varela e Leinig Antonio Perazolli, ambos do Instituto de Química.


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