A construção da identidade na formação de jovens e adultos

Artigo de Álvaro Pereira Gonçalves

Os princípios orientadores para a formulação das propostas pedagógica pelas universidades e as exigências de desempenho dos futuros alfabetizadores requerem formação diferenciada. O despreparo dos alfabetizadores, identificado durante a fase de seleção, que reflete os contextos distintos em que estão inseridos, indica a necessidade de ampliar sua formação. Constitui tarefa desafiadora para as universidades.

Essas características indicam que a continuidade deva deixar de lado concepções ingênuas sobre a educação de jovens e adultos, conhecendo melhor as suas condições de vida para superar equívocos e colocar em praticas uma metodologia que atenda as múltiplas realidade. Nesse sentido, considerando que a insuficiência da formação dos professores já foi suficientemente reiterada nos estudos acadêmicos, seria oportuno que esse estudo passassem a se concentrar mais na produção e na sistematização de conhecimento que contribuam no plano teórico para a constituição desse campo pedagógico e, conseqüentemente, para a formação de seus educadores.

As necessidades de aprendizagem características da idade adulta e da condição de trabalhadores também remete a temas fundamentais para a formação dos educadores de jovens e adultos. Se considerarmos que a educação básica em geral visa a formação de cidadãos aptos a integrar-se a vida produtiva, poderíamos relativizar o potencial definidor desse aspectos em relação a especificidade da educação dos jovens e adultos. Entretanto, é inegável o fato de que, ao tratar com alunos jovens e adultos, os educadores se vêem mais provocados a desvencilhar-se de preceitos forjados na tradição de ensino fundamental propedêutico, segundo os quais a formação geral deve anteceder a formação profissional ou, numa perspectiva ainda mais restritiva, " primeiro se assimila depois se aplica". A educação de jovens e adultos obriga os educadores a focalizar sua ação pedagógica no presente, enfrentando de forma mais radical a problemática envolvida na combinação entre formação geral e profissional, entre teoria e pratica, universalismo e contextualização.

Sem duvida, a funcionalidade das aprendizagens constitui um fator de motivação dos jovens e adultos que retornam à escola, mas a consideração de necessidades praticas geradas em contextos de vivência não deve comprometer outro aspecto que dão sentido à educação escolar e que lhe são específicos. A orientação do ensino para exigência do mundo do trabalho ou qualquer outro contexto especifico de vivencia não deve implicar a renúncia ao distanciamento critico em relação à realidade imediata. A oportunidade de descolar-se da ação imediata para dedicar-se à elaboração do próprio conhecimento é uma das especialidades da aprendizagem escolar que outras instituições sociais dificilmente podem promover com a mesma intensidade.

A formação de educadores capazes de promover uma educação de jovens e adultos mais eficaz e acessível ao publico que a ela tem direito . Trata-se da necessidade de desenvolver competências para atuar com novas formas de organização do espaço-tempo escolar, buscando alternativas ao ensino tradicional baseado exclusivamente na exposição de conteúdos por parte do professor e avaliação somativa do aluno. Os professores de jovens e adultos devem estar aptos a repensar a organização disciplinar e de series, no sentido de abrir possibilidades para que os educandos realizem percursos formativos mais diversificados, mais apropriados às suas condições de vida. Os jovens e adultos merecem experimentar novos meios de aprendizagem e progressão nos estudos, que não aqueles que provavelmente os impediram de levar a temo sua escolarização anteriormente.

A qualidade das praticas de educação de jovens e adultos só se darão, é certo, à medida que se profissionalize o pessoal dedicado a essa área prover essa especialização aos educadores que por ela se interessem , qualquer que seja a instancia formativa. A superação da perspectiva assistencialista da educação compensatória é a articulação de sistemas de ensino inclusivo, que viabilizem múltiplas trajetórias de formação.

Precisamos tomar iniciativas desde já com perspectivas de longo prazo, cuidando para sustentar a inovação em trabalhos consistentes de pesquisa avaliativa, recorrendo à análise histórica , à análise política e social.

Álvaro Pereira GonçalvesÁlvaro Pereira Gonçalves é coordenador pedagógico da Unesp


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