Na praia, fique longe deles

Águas-vivas, caravelas, ouriços e outros animais,
aparentemente inofensivos podem provocar ferimentos e queimaduras graves

Prof. Dr. Vidal HaddadDe cada mil pessoas atendidas nos postos médicos das cidades praianas, um refere-se a acidentes causados por animais marinhos perigosos. A estimativa é do médico dermatologista Vidal Haddad, da Faculdade de Medicina da Unesp, campus de Botucatu, que realizou uma pesquisa para levantar o perfil dos acidentes mais comuns no litoral da Região Sudeste. Ele á autor também do livro "Atlas de Animais Aquáticos Perigosos do Brasil", lançado pela Editora Roca.

Haddad permaneceu dezoito meses em Ubatuba, no litoral norte paulista, e entrevistou cerca de 70 pescadores de uma colônia local. Constatou que 98% deles já tinham sido atacados por animais marinhos, a maioria por peixes-bagre e peixes-escorpião.

No pronto-socorro da cidade, acompanhou ferimentos em 150 banhistas, uma média de oito por mês, provocados pelo contato com ouriços do mar, águas-vivas e caravelas - espécie de água-viva gigante, de cor avermelhada. "A regra do banhista deve ser jamais tocar nenhum animal que a maré traga para a praia, especialmente águas-vivas, caravelas, ouriços-do-mar e pequenos peixes, que podem apresentar espículas e ferrões venenosos", ensina o médico.

Segundo Haddad, os ouriços-do-mar causam cerca de 50% dos acidentes em banhistas atendidos nos postos médicos. Já as águas-vivas e caravelas são responsáveis por cerca de 25% dos acidentes restantes. O pesquisador da Unesp enfatiza que, para evitar ferimentos, o banhista não deve tocar em nenhum animal, pois até aqueles aparentemente inofensivos como as esponjas marinhas podem provocar irritações na pele. "Os seres marinhos têm diversos tipos de defesas, podendo ferir, envenenar ou irritar a pele dos banhistas", acrescenta.

Quem se acidentar, seja com águas-vivas, ouriços-do-mar, bagres ou outros peixes, deve procuraÁgua-viva, perigo marinhor imediatamente um pronto-socorro, pois a ação do veneno de alguns animais pode provocar dor intensa por até 24 horas e ferimentos graves na pele. Em acidentes por águas-vivas e caravelas, por exemplo, ele ensina que deve-se aplicar compressas de água do mar gelada e vinagre no local, o que diminui a dor. Em acidentes por peixes venenosos é importante a imersão do membro comprometido em água quente, o que alivia a dor por degenerar o veneno.

Já os mergulhadores estão expostos a mais perigos que um banhista, pois determinadas espécies de animais perigosos habitam águas profundas, como as arraias e os peixes-escorpião. "A regra é olhar, mas não tocar", diz ele.

Para saber tratar é importante o banhista distinguir entre o ferimento provocado por caravela ou água-viva. Essa última, bem transparente, deixa linhas vermelhas na pele, extremamente dolorosas. As caravelas, no entanto, apresentam um balão arroxeado flutuante e são vistas se aproximando das praias. A dor é imediata: tocou, doeu! "Mesmo animais atirados nas praias há mais de 24 horas mantém a capacidade de envenenamento", afirma ele. Quando um acidente por água-viva ocorre, logo ocorrem outros, pois essas surgem de alto mar em grupos. "É preciso sair da água imediamente", adverte.

Os ouriços-do-mar se agrupam em colônias que ficam em águas rasas entre pedras. O banhista deve tomar cuidado ao andar nestas pequenas piscinas naturais, especialmente se as águas estiverem turvas. "Todo acidente por ouriço-do-mar deve ser tratado em Pronto-Socorro, para extração das espículas", recomenda Haddad.


Leia também:


Home
O Jornal
E-mail Redação
Equipe
Agenda
Edições Anteriores
Revistas Científicas