Docente do IGCE-Rio Claro lança o livro
"A Teoria dos Refúgios Florestais Aplicada ao Estado de SP"

Por Brenda Guimarães Marques

IlustraçãoO livro A Teoria dos Refúgios Florestais Aplicada ao Estado de São Paulo, de autoria do Prof. Dr. Adler Guilherme Viadana, é resultado de suas pesquisas que, inicialmente, objetivaram o cumprimento da Livre-Docência em Biogeografia do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Unesp (IGCE), câmpus de Rio Claro, no ano de 2001.

Ilustrado com uma documentação cartográfica aplicada, de autoria do Prof. Dr. José Flávio Morais Castro, e acrescido de fotografias que registram a presença de cactáceas, bem como dos cascalheiros, pedegrais e das linhas-de-pedras regionais no solo do interior paulista, o livro também apresenta várias citações científicas que contribuem para esta temática, na busca de apresentar respostas para as seguintes indagações: "A Caatinga já ocupou o estado de São Paulo em outras épocas? O Cerrado marcou extensos setores territoriais paulistas? A Mata Atlântica em tempos passados se reduziu em fragmentos para depois se expandir?".

Segundo o autor, o destaque desta pesquisa seria a de buscar explicações a respeito dos processos que atuaram no Pleistoceno Terminal - 13 mil a 18 mil anos antes do presente - e que foram responsáveis imediatos e diretos pela instalação do revestimento florístico do território paulista, quando da retomada da tropicalidade úmida a partir do período holocênico. "Esta tentativa explicativa fundamenta-se no método de interpretação possibilitado pela Teoria dos Refúgios Florestais", afirma.

Dentre as considerações apontadas nas conclusões do autor, destaca-se que "...o quadro vegetacional encontrado pelos colonizadores portugueses a partir do século XVI foi conseqüente a retomada da humidificação holocênica que possibilitou a expansão das matas tropicais pelo estado de São Paulo, a ter como centros dispersos os brejos que conseguiram manter a umidade durante o Pleistocêno terminal."

"Os refúgios pleistocênios terminais, com retração da formação florestal e sua fragmentação dos brejos e ao longo dos rios que mantiveram a condição perene, pela promoção do isolamento das mesmas e diferentes espécies da biota em acirrada competição que tais ambientes provocaram, podem ser evocados como centros de criação de novas formas bióticas, num processo rápido- considerado em relação à escala do tempo geológico-e pontual. Decorre desta concepção que a biodiversidade da mata tropical que cobriu mais de 80% do território paulista esteja intimamente ligada às flutuações climáticas quaternárias", diz Viadana.

"A expansão das formações vegetacionais abertas (cerrados e caatingas) no Estado de São Paulo, entre 13.000-18.000 anos antes do presente, e suas posteriores retrações aos limites atuais de seus respectivos domínios morfobioclimáticos explicam as manchas de cerrados prevalescentes em seções territoriais paulistas, como por exemplo: na região de Pirassununga (SP), em São José dos Campos (SP), na região de Itararé (SP) e em vários pontos do Planalto Ocidental Paulista. Na mesma linha interpretativa, justifica-se a ocorrência de relíctos paradoxais ao clima atual, de cactáceas e bromélias terrestres, nos locais apresentados neste estudo biogeográfico", compelmenta.

Além disto, o autor assinala a importância dos conhecimentos advindos da aplicação da Teoria dos Refúgios Florestais em território paulista, para a identificação de setores que devem ser preservados nos remanescentes dos biomas que atapetaram o solo bandeirante, ainda em passado recente.


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