FCA-Botucatu aprimora projeto
de Educação Ambiental
e Ecoturismo na Trilha


Por Thiago Nassa

Valdemir Antonio RodriguesCaminhar pela floresta e ainda ter a oportunidade de aprender sobre as espécies e o relevo circundante são a melhor maneira de conhecer uma região. Esse é o objetivo do Grupo de Educação Ambiental (GEA), ligado à Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da Unesp, câmpus de Botucatu. "A mata é o local mais adequado para se transmitir os conceitos de preservação e sustentabilidade ambientais", comenta o engenheiro florestal Valdemir Antonio Rodrigues, coordenador do GEA.

Docente do Departamento de Recursos Naturais da FCA, Rodrigues, que criou o Programa de Educação Ambiental e Ecoturismo na Trilha, acredita que essa iniciativa funciona como uma espécie de laboratório ecológico, a fim de integrar os estudantes à natureza. "Além de conhecimentos, a trilha traz paz interior e renova as energias", afirma. "Desde 1998, o projeto, que se constitui como uma importante atividade de extensão universitária e, portanto, vinculado à Proex, foi visitado por cerca de dez mil alunos dos ensinos fundamental e médio de Botucatu e região", completa.

Semanalmente, às quartas-feiras, grupos de estudantes são recebidos na primeira parada da trilha, a "Casa da Natureza", onde monitores dão as orientações sobre a caminhada. Em cerca de duas horas, os jovens percorrem perto de dois quilômetros de floresta secundária, em meio à Fazenda Experimental Lageado, da FCA, entre embaúbas, palmitos, paineiras e tipuanas. "A floresta primária original não existe mais, o que reforça a importância da preservação", argumenta Rodrigues. No total, a fazenda mantém perto de 30 hectares de mata.

Por todo este trabalho de conscientização, o projeto de "Educação Ambiental e Ecoturismo na Trilha" foi contemplado com um prêmio entregue pelos profissionais da Universidade Solidária, que representa a visibilidade e a importância de tal iniciativa. "O prêmio vem coroar um trabalho de mais de três anos e serve como um grande incentivo para a continuidade e o aperfeiçoamento do projeto, além de estimular a cidadania nas escolas e universidades", comenta Rodrigues.

Para que os estudantes fixem melhor os temas ambientais abordados, o engenheiro florestal os associa aos cinco sentidos. Diante da maior árvore do gênero Eucaliptus sp, do Estado de São Paulo, por exemplo, o grupo é convidado a abraçá-la, a fechar os olhos e a senti-la. Segundo Rodrigues, a árvore em questão mede cerca de 50 metros de altura, possui 8,5 metros de circunferência na base do tronco e cem anos de idade. No mirante, de onde se contempla o vale do rio Lavapés, a monitora Carla Tatiane Gugliernoni, 20 anos, primeiranista do curso de Engenharia Florestal, explica as funções da mata ciliar. "Ela está para os rios da mesma maneira que os cílios para os olhos, protegendo o solo e mantendo a qualidade da água".

O docente conta ainda que, nos próximos meses, todo este projeto se transformará num livro intitulado de "Meio Ambiente: os cinco sentidos da educação ambiental e ecoturismo com poesias em microbacias".

Em meio à caminhada, Rodrigues aponta um palmito de pupunha, atualmente muito utilizado na alimentação, em substituição ao palmito nativo da Mata Atlântica, em vias de extinção. "São palmeiras valiosas que, preservadas e manejadas adequadamente, podem ficar à disposição do homem indefinidamente", explica.

De forma lúdica, os alunos vão assimilando os conceitos trabalhados em sala de aula durante todo o ano. "Um passeio por aqui equivale a várias horas passadas na classe", calcula José Higino Caldeira, professor da disciplina de Geografia da Escola Estadual José Leite Pinheiros, do município de Cerqueira César, a 140 quilômetros de Botucatu.

"Aqui, a gente aprende e se diverte ao mesmo tempo", resume, por sua vez, Priscila Giovane Nogueira, 15 anos, estudante do primeiro ano de ensino médio da mesma escola. Para o engenheiro florestal Rodrigues, todos têm a ganhar com esse projeto: "O meio ambiente, que é preservado, os alunos, que têm a chance de vivenciar ensinamentos teóricos, e a UNESP, que pratica a extensão e aprofunda seus conhecimentos na área", relaciona.

Monitores do Projeto Trilha

Ariane P. Barbosa, David Escaquete, Letícia Esvicero, Renata Ruiz Silva, Aretha M. S. Oliveira, Andressa M. R. Bonfá, Débora A. Ribas, Evelyn K. Abe, Fernanda L. Fonseca, Helga O Yamaki, Herik D. Figueira, Juliane D. Salum, José R. A. Oliveira, Júlia F. Stuchi, Marina Viotto, Maria Fernanda Simões, Natália C. C. Pires, Rosana Montanholi, Vitor A. M. Pereira - Estudantes de Engenharia Florestal e Agronomia da FCA - UNESP.


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