IQ-Araraquara comemora o Dia do Químico

Por Luciana Massi

Comemoração do Dia do QuímicoO Instituto de Química da Unesp (IQ), campus de Araraquara, realizou uma série de debates para comemorar o Dia do Químico, num evento realizado na Quadra de Esportes, no dia 18 de junho. O evento teve início com uma mesa redonda cujo tema foi "Os Desafios do Químico para o Desenvolvimento Científico e Econômico do Brasil".

Foram convidados para o debate dois ex-alunos do IQ, Dr. Wilson Eisi Yamasaki, da GE Specialty Chemicals Commercial Manager - South America & South África, e Dr. Mário Gilberto Kool Monteiro, químico da SILKRON LTDA, além do Prof. Dr. Paulo Cezar Vieira (Presidente da SBQ e Docente do Departamento de Química da UFSCar). Para presidir o debate a direção convidou o Prof. Dr. Assis Vicente Benedetti (docente do Departamento de Físico-Química do IQAr).

O debate objetivou trazer aos alunos o tipo de informação que os professores não podem passar, uma idéia do que o mercado exige da universidade, por isso a escolha de profissionais químicos atuantes e de sucesso na carreira, formados nesta instituição de ensino. Durante a explanação inicial dos convidados, o Prof. Dr. Paulo Cezar Vieira mostrou uma visão panorâmica da realidade atual da C&T, da educação brasileira e sua relação com o mercado de trabalho.

O docente ressaltou a importância da química, exemplificada com uma lista de 13 produtos, sem os quais a maioria das pessoas não viveria. "A química está presente diretamente em 8 destes produtos, e nos demais, ela tem participação indireta", afirma Cezar Vieira.

O Dr. Mário Gilberto Kool Monteiro destacou a importância do estudante assimilar técnicas e tecnologias e de desenvolver a percepção de como as máquinas operam e como o químico pode agir nesse processo para melhorar a sua condição de atuar nas empresas.

Posteriormente o Dr. Wilson Eisi Yamasaki, representante comercial da GE, chamou a atenção dos alunos presentes para a grande oportunidade comercial, que é a química, principalmente no que se refere à aplicação dos produtos. Segundo ele "a área comercial é ampla e tem escassez de pessoal qualificado e capaz de agregar valor aos produtos da empresa, encontrando diferenciais na aplicação desses produtos".

O Dr. Eisi defendeu que cabe ao graduando se empenhar em adquirir conhecimento administrativo e tecnológico, como representante comercial ele pode vender NaCl (cloreto de sódio) por um preço até dez vezes maior que o preço de produção, se conhecer os 300 tipos de NaCl produzidos para diferentes aplicações específicas do mercado.

Para finalizar a mesa-redonda, o Dr. Mario afirmou que os alunos formados pelo IQAr têm diferenciais como as monografias, exigidas aos alunos do bacharel, e a Empresa-Júnior que possibilita uma grande experiência ao graduando. A empregabilidade da profissão se dá, pois o campo de atuação não se limita às reações químicas.


Mercado promissor para licenciados em química

As atividades de comemoração do Dia do Químico também incluíram uma palestra, no Anfiteatro Central, proferida pelo o Prof. Dr. Luiz Henrique Ferreira, docente do Departamento de Química da UFSCar, um dos poucos pesquisadores brasileiros na área do ensino de química. A palestra versou sobre "O Ensino de Química e o Mercado de Trabalho".

Os alunos participantes do evento cursam Licenciatura e se sentiram bastante encorajados a enfrentar o mercado após tomarem conhecimento dos dados fornecidos pelo palestrante. Ele mostrou que o número de professores de Química atuantes no mercado é bastante reduzido para suprir as necessidades educacionais do Brasil.

"Há cerca de 35 milhões de alunos em idade escolar para o ensino médio. Para suprir toda a demanda destes profissionais, a USP, UNESP e UNICAMP teriam que multiplicar o número de formandos por dez e esperar dez anos até que todo o quadro de professores necessários fosse preenchido", diz Ferreira. "O problema da falta de professores é tão sério que existe um projeto de lei que prevê que as aulas de Química sejam dadas pela TV, o que que dificilmente será realidade", completa.

Além da falta de profissionais, o professor motivou ainda mais os alunos presentes ao informar-lhes a respeito do piso salarial de um professor de Química, que, dando 33 aulas para o Estado de São Paulo, desde que concursado, recebe R$1,2 mil de início de carreira.


Química no Brasil

O desenvolvimento tardio da Química no Brasil tem raízes históricas. Em Portugal, no período dos descobrimentos, a alquimia não floresceu. Em 1772, foi criado o primeiro curso superior de química na Universidade de Coimbra. Vivente Coelho de Seabra Silva Telles foi aluno desta universidade nessa época, e adaptou a nomenclatura química de origem latina (criada por Lavoisier) para a língua portuguesa em 1801.

A Real Academia Militar (criada a partir da vinda da família real), fundada em 1811, foi a primeira instituição de ensino de química no Brasil. O curso para soldados e oficiais compreendia aulas de química, matemática, física, mineralogia, entre outros. Esses cursos estavam em situação precária e raramente proporcionavam aulas práticas.

A partir da segunda metade do século XIX, as disciplinas químicas tiveram sua importância ressaltada. Tanto que em 1812 foi criado o Laboratório Químico-Prático no Rio de Janeiro, responsável pelas primeiras operações de química industrial, em 1818 foi criado o Laboratório Químico do Museu Nacional, também no Rio de Janeiro. A Primeira Guerra Mundial impulsionou a tornou criação de diversos cursos por todo o país de 1918 a 1930. Mas a necessidade de infra-estrutura e manutenção fez com que quase todos esses cursos fossem extintos antes de completarem 10 anos.

A partir de 1930 foram criados cursos ligados às Faculdades de Ciências, dentro das Universidades, com um caráter mais investigativo. A profissão de químico foi regulamentada pelo decreto 24.693 de 12 de julho de 1934 do então presidente Getúlio Vargas, e a criação do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais de Química foi definida pela lei 2.800 de 18 de junho de 1956, data na qual se comemora o "Dia do Químico Profissional". Os Institutos de Química foram criados com a Reforma Universitária de 1970.

O Instituto de Química surgiu em 1961, como Departamento de Química da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara, na época um dos institutos isolados de ensino superior do Estado de São Paulo. A UNESP foi criada em 1976, reunindo os antigos institutos isolados. Em 1977, o Departamento de Química foi transformado no Instituto de Química.


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