Zero em matemática

Estudo de pesquisador da UNESP de Bauru revela falhas na formação de professores de Matemática

IlustraçãoO ensino de Matemática, visando a formação de professores para os ensinos fundamental e médio, foi reprovado na tese de doutorado defendida pelo professor Nelson Antonio Pirola, que leciona Prática de Ensino de Matemática e Didática da Matemática na Universidade Estadual Paulista (UNESP), câmpus de Bauru. Ao investigar as dificuldades apresentadas pelo futuros professores na solução de problemas geométricos, Nelson constatou que os graduandos pesquisados não se saíram bem. As notas médias obtidas nos testes aplicadas foram muito baixas. Em uma escala de zero a dez, os alunos de licenciatura obtiveram média 2,0 e os de magistério, 0,68. "Esses alunos não estão aptos a lecionar adequadamente ", afirma o pesquisador.

Para a realização da pesquisa, foi aplicada uma bateria de problemas geométricos envolvendo conceitos de área, perímetro e volume a 124 estudantes do curso de Habilitação Específica em Magistério e a 90 alunos o curso de Licenciatura em Matemática de uma faculdade do interior do Estado. Os problemas utilizados, pertencentes à categoria de obtenção de informação matemática, tinha como objetivo analisar a percepção das relações e fatos concretos presentes no enunciado dos problemas.

Os problemas foram categorizados exercícios com informações completas, cujos dados do enunciado são suficientes para os estudantes ativarem os conhecimentos e chegarem a uma resposta específica; problemas com informações incompletas, com falta de dados e que exige do solucionador levantamento de hipóteses e que dá margem a várias respostas e problemas com informações supérfluas, com dados redundantes, que exige habilidades para perceber quais os que seriam necessários para a solução do problema.

O pesquisador Nelson constatou que os graduandos pesquisados tiveram desempenho sofrível. As médias obtidas nos testes aplicados foram muito baixas. Em uma escala de zero a dez, os alunos de licenciatura obtiveram média 2,0 e os de magistério, 0,68. A dificuldade encontrada pelos sujeitos da pesquisa apareceu nos problemas com informações supérfluas e incompletas. Isso foi devido, em grande parte, à dificuldade que os mesmos encontraram para obter a informação matemática a partir do enunciado. Foi verificado o desconhecimento ou esquecimento pela maioria dos estudantes de conceitos básicos da geometria, como triângulo isósceles, área, perímetro e volume, conceitos que esses futuros professores terão de transmitir no ensino fundamental.

Diante da constatação de que as escolas estão formando professores pouco qualificados para o ensino de Matemática, especialmente no que diz respeito à geometria, objeto desse doutorado, fica a indagação óbvia de como esses futuros professores vão ensinar o que eles não sabem. "Na escola, muitos professores simplesmente não ensinam estes conceitos ou só ensinam fórmulas desvinculadas dos conceitos".

É extremamente importante que os cursos de formação de professores estejam direcionados para o ensino e a aprendizagem significativa de conceitos matemáticos, assim como para o desenvolvimento de habilidades de soluções de problemas. Como o professor ajudará seus alunos a solucionarem problemas geométricos, se eles mesmos, muitas vezes não consegue solucioná-los? "Quando se fala em formação de professor, não se deve a sua formação inicial e continuada, que tratem não somente dos conteúdos pedagógicos, mas também dos conceitos específicos da geometria, capacitando-os a atuar, de forma efetiva, no ensino e na aprendizagem dos conceitos matemáticos", exemplifica o pesquisador.

Em um problema utilizado no teste, foi dado o valor da área de um retângulo, 36cm2, e pediu-se para o sujeito encontrar as medidas dos lados desse retângulo. Do total dos pesquisados, 53,8% deixaram o problema sem resposta (os sujeitos escreveram que não sabiam solucioná-lo e não iniciaram nenhum procedimento de solução). Outros 17% dos sujeitos utilizados os conceitos envolvidos no enunciado de forma incorreta. "Considerando que os sujeitos são futuros professores, que atuaram nos ensinos fundamental e médio, os resultados são preocupantes", alerta Nelson Pirola.


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