Design
Tese projeta veículo para cortador de cana
Proposta prevê coletivo com bom desempenho
em vias não asfaltadas, comodidade e custos baixos
Um veículo para
atender às necessidades de deslocamento dos cortadores
de cana no Interior paulista está sendo desenvolvido
pelo docente Osmar Vicente Rodrigues, do curso de Design
da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação
(Faac), câmpus de Bauru. O protótipo deverá
ser apresentado no segundo semestre e pretende
combinar transporte coletivo, comodidade, bom desempenho
em vias não asfaltadas e baixo custo de aquisição
e manutenção.
Para atender à lei federal nº 2.910, de
2000, que prevê o deslocamento dos trabalhadores
rurais em veículos apropriados, os empresários
adquirem ônibus, que são depois modificados,
gerando um gasto adicional de até 20% do seu
valor. Rodrigues prevê um modelo com preço
competitivo, próximo ao que é desembolsado
hoje nesse processo. Esse é um mercado
cuja frota possui aproximadamente 30 mil veículos
somente para o corte da cana, declara.
Em seu projeto, feito no Departamento de Design de
Veículos do Royal College of Art, em Londres,
Rodrigues considera diversos fatores de risco para a
saúde que os transportes adaptados oferecem.
A plataforma, por exemplo, que sustenta a estrutura
do veículo receberá sistemas diferenciados
de suspensão e chassi. Isso impedirá,
de acordo com o pesquisador, que o veículo produza
vibrações nocivas ao ouvido humano. Os
trabalhadores dos canaviais gastam em média 6%
de todo o consumo calórico diário no trajeto
de ida e volta ao campo, o que poderia ser evitado com
transporte adequado, comenta.
Outra mudança será a diminuição
do peso do coletivo, causado, entre outros fatores,
pela disposição irregular dos vidros laterais.
Quase 10% do peso da carroceria é referente
às janelas, explica. O modelo prevê,
ainda, maior capacidade de manobra em locais estreitos,
melhor condição de tráfego em dias
de chuva e um compartimento próprio para as ferramentas
de trabalho. Como o ônibus também é
usado para guardar água e pertences, a parte
interna deverá ser climatizada. O banheiro poderá
ser utilizado durante a jornada de trabalho, substituindo
os atuais banheiros químicos, instalados de maneira
improvisada.
Cinthia Leone,
bolsista Fapesp
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